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GUERRA AO TERROR
Clérigo muçulmano radical é acusado de apoiar a Al Qaeda e de participar de atividades terroristas
EUA pedem, e Londres detém líder islâmico
DA REDAÇÃO
A polícia britânica prendeu ontem em Londres o imã (clérigo islâmico) radical Abu Hamza al
Masri após os EUA terem apresentado um pedido de extradição.
Hamza é acusado de tentar
montar um campo de treinamento no Oregon (oeste dos EUA) e
dar apoio a extremistas do Egito e
da Caxemira, à rede terrorista Al
Qaeda, ao Exército Islâmico de
Aden (grupo iemenita que reivindicou a autoria do atentado contra o destróier americano USS Cole no Iêmen em 2000) e ao grupo
extremista islâmico Taleban, do
Afeganistão.
Os americanos ainda o acusam
de conspiração e participação em
seqüestro em um incidente que
resultou na morte de quatro turistas no Iêmen em 1998.
Em Nova York, o secretário de
Justiça dos EUA, John Ashcroft,
afirmou que as 11 acusações do indiciamento podem resultar em
pena de morte. Na corte britânica,
Hamza declarou que não aceitava
ser enviado para os EUA. "Eu
realmente não acho que queira ir,
não", disse, rindo.
A pena de morte é um empecilho para a sua entrega. "Os EUA
sabem que o ministro do Interior
[David Blunkett] não pode autorizar uma extradição em um caso
em que a punição pode ser a pena
de morte, a não ser que tenha garantias de que tal sentença não seja imposta e, se imposta, não seja
cumprida", disse um porta-voz
do premiê Tony Blair, maior aliado dos EUA na Guerra do Iraque.
No entanto, Blunkett disse à
BBC que o Reino Unido recebeu
garantias de Washington em termos gerais. "Temos um acordo
com os EUA, que eu reafirmei há
um ano, de que a pena de morte
não será aplicada."
Hamza, 47, é um dos muçulmanos radicais mais conhecidos no
Reino Unido. Nascido no Egito,
ele era o imã da mesquita de Finsbury Park, em Londres -associada aos extremistas Zacarias
Moussaoui, suspeito de participar
do 11 de Setembro, e Richard
Reid, que tentou embarcar em
um vôo transatlântico com um
sapato-bomba-, até ser afastado
pelo governo sob a alegação de
usá-la para atividades políticas.
Depois disso, ele passou a pregar
na rua, em frente à mesquita.
Apelidado de "Gancho" pelos
tablóides sensacionalistas britânicos, por ter perdido as duas mãos
e um olho no Afeganistão -onde
combateu a ocupação soviética
nos anos 1980-, ele fez várias declarações polêmicas.
Ele já disse esperar que Deus
destrua os EUA e reagiu ao 11 de
Setembro, que considera uma armação dos judeus, com a frase
"muitos ficarão felizes, dando pulos neste momento". O imã nega
envolvimento com violência e se
define como um porta-voz de
causas políticas.
O governo britânico vinha procurando deportá-lo. Há um ano,
cassou sua nacionalidade britânica, recorrendo a uma nova lei que
permite tal medida contra imigrantes que "prejudiquem seriamente" os interesses do país.
Hamza está recorrendo contra a
decisão na Justiça.
"Qualquer muçulmano que se
opõe às políticas britânicas e americanas para o Iraque ou o Afeganistão é culpado por definição. As
mentiras e distorções da mídia fazem de mim e de outros ativistas
muçulmanos os inimigos número
1. Então a prisão de Hamza não é
uma surpresa", disse Omar Bakri
Mohammad, líder espiritual do
grupo islâmico Al Muhajiroun,
baseado em Londres.
Desde o 11 de Setembro e o atentado de Madri, em março, tem havido uma escalada no sentimento
antiislâmico na Europa. A Espanha anunciou a disposição de vigiar as pregações nas mesquitas
do país e a França já expulsou um
imã argelino, Abdelkader Bouziane, e pretende fazer o mesmo com
outro, o turco Mihdat Guler.
Com agências internacionais
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