São Paulo, sexta-feira, 28 de maio de 2004

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DIREITOS HUMANOS

Ao menos três estão sob prisão domiciliar para evitar manifestação no 15º aniversário do massacre

China prende dissidentes e barra protesto por Tiananmen

DA REUTERS

A polícia chinesa colocou sob prisão domiciliar dissidentes políticos proeminentes a fim de evitar que eles marquem publicamente o 15º aniversário do massacre da praça Tiananmen (Pequim), no próximo dia 4, disseram ativistas.
Segundo a denúncia, a polícia começou a cercar as casas dos dissidentes na semana passada, evitando que eles se encontrem com jornalistas ou prestem homenagens aos que foram mortos durante o protesto estudantil.
Liu Xiaobo, um ex-professor universitário que apoiou os protestos e ajudou a negociar a saída de alguns estudantes que estavam na praça, disse que não pode deixar sua casa, em Pequim. "Não posso ir a lugar nenhum. Há cinco ou seis homens guardando minha casa permanentemente", afirmou ele por telefone à Reuters antes de ter a linha cortada.
No fim de março, foram presos pelo menos três parentes de pessoas mortas no protesto. Uma delas era Ding Zilin, 67, líder de um grupo militante chamado Mães de Tiananmen, que voltou a ser detida na última semana.
Hu Jia, 30, ativista ambiental e de questões relacionadas à Aids, também está sob prisão domiciliar há quase uma semana e tentou em vão sair de casa. "Não fui páreo para os seis [guardas]", disse ele por meio de um telefone celular cuja linha caiu diversas vezes. Hu foi preso três vezes em abril por tentar deixar flores na praça. A polícia disse que o libertará em 29 de maio, contanto que ele deixe a cidade por 12 dias acompanhado de sua mãe, de 68 anos, no que os oficiais definiram como "férias".
Na noite do dia 3 para o dia 4 de junho de 1989, o Exército chinês levou tanques às ruas do centro de Pequim e matou centenas de pessoas que participavam ou apenas assistiam a um protesto pró-democracia. A versão oficial diz que as manifestações constituíram uma rebelião contra o governo e que o Exército tomou medidas apropriadas para contê-las.
Os EUA exortaram a China a não tomar medidas para silenciar os dissidentes. "Opomo-nos a qualquer tentativa de limitar a liberdade e exortamos a China a não impedir que seus cidadãos participem de debates importantes e se envolvam em questões de interesse público", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Richard Boucher.


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