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IRAQUE OCUPADO
Coalizão suspenderá ações em Najaf, enquanto Al Sadr retirará da cidade militantes que não vivam lá
EUA fecham acordo com clérigo radical
DA REDAÇÃO
Após um mês e meio de impasse e combates que deixaram mais
de 350 mortos, as forças de ocupação e o clérigo radical xiita
Moqtada al Sadr fecharam um
acordo para pôr fim aos combates
em Najaf e Kufa, no sul do Iraque.
Sob o pacto, fechado por intermédio de autoridades xiitas, o clérigo deve retirar da cidade considerada sagrada pelos xiitas seus
seguidores que não morem ali. Já
os EUA suspenderão as ofensivas
e recolherão seus soldados a bases
próximas a Najaf e prédios do governo local. A polícia iraquiana
assumirá o patrulhamento, a
exemplo do que ocorreu na cidade sunita de Fallujah.
O acordo não inclui a rendição
de Al Sadr, exigida pelos EUA
desde que ele liderou um levante
em abril, nem o desmantelamento de sua milícia, o Exército Mehdi. As forças americanas, por sua
vez, mantiveram o mandato de
prisão contra o clérigo, acusado
de envolvimento na morte de um
rival. A expectativa é que a resolução acalme as tensões no sul e facilite a instalação do governo interino iraquiano, em 30 de junho.
O porta-voz da coalizão, Dan
Senor, disse que as autoridades da
ocupação não tomaram parte nas
negociações, mas elogiaram o
acordo como "um primeiro passo
positivo". A milícia de Al Sadr já
deixou Karbala, outra cidade que
reúne templos xiitas importantes,
mas permanece ativa em Bagdá,
no bairro xiita de Sadr City.
"É importante reconhecer que o
que estamos fazendo não é a pedido de Moqtada", disse o general
Mark Kimmitt, porta-voz das forças americanas. Mas os assessores
do clérigo clamaram vitória. "O
fato de termos nos levantado por
quase dois meses contra a força
mais poderosa do mundo é uma
vitória nossa", disse Qais al Khazali, porta-voz de Al Sadr. Em sete
semanas, morreram 352 iraquianos e 21 soldados dos EUA.
Uma integrante do Conselho de
Governo Iraquiano que participou das negociações em Najaf,
Salama al Khafaji, sofreu uma emboscada quando voltava a Bagdá.
Ela saiu ilesa do ataque, mas seu
filho foi morto. Ataques anteriores mataram dois membros do
grupo: no início do mês, o então
presidente do conselho, Izzedin
Salim, foi vítima de um carro-bomba, e Aquila al Hashimi foi
assassinada e setembro passado.
Tortura
O jornal "The New York Times"
divulgou uma reportagem segundo a qual as sessões no centro de
interrogatórios da prisão de Abu
Ghraib, palco da tortura de iraquianos por soldados dos EUA,
renderam poucas informações relevantes. O centro foi criado em
setembro, um mês antes dos principais relatos de tortura, com a finalidade de obter informações sobre a crescente insurgência.
Segundo o jornal, que cita fontes civis e militares envolvidas no
processo, as Forças Armadas concluíram que os prisioneiros mantidos em Abu Ghraib, em sua
maioria, não tinham ligação com
a insurgência. "A maior parte das
informações úteis veio de interrogatórios em campos de combate",
disse um oficial de inteligência.
"Havia uma sensação de que uma
vez mandada para lá [Abu
Ghraib] a pessoa caía num buraco
negro", afirmou um general.
Nenhum militar dessa área da
prisão foi indiciado, embora um
inquérito inicial do Exército indique que o chefe do setor, coronel
Steve Jordan, e três pessoas tiveram responsabilidade "direta ou
indireta" pelos abusos.
O "Times" ainda citou um memorando secreto sobre "política
de interrogatório" assinado pelo
general Ricardo Sanchez, comandante das tropas dos EUA no Iraque, segundo o qual o "interrogador deve passar a impressão de
controlar todos os aspectos da
sessão, bem como a comida, a
roupa e o abrigo do detento".
As Convenções de Genebra, que
protegem os prisioneiros de guerra, proíbem o condicionamento
da alimentação e do abrigo dos
presos à obtenção de informação.
Com agências internacionais e "The New
York Times"
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