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E-mail atribuído às Farc cita chanceler Amorim
Referência "não faz sentido", reage o Itamaraty
CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma troca de mensagens entre membros das Farc (Forças
Armadas Revolucionárias da
Colômbia) revela que a guerrilha esperava ter a proteção da
cúpula do governo Lula para
evitar a prisão do padre Olivério Medina, seu "embaixador"
no Brasil. A mensagem cita o
ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Segundo fonte da inteligência colombiana, o texto fazia
parte dos arquivos de computador de Raúl Reyes -o dirigente
do grupo morto em 1º de março, em ataque da Colômbia em
território equatoriano.
No e-mail, datado de 29 de
julho de 2005, Medina demonstra estar informado do
pedido de captura encaminhado pela Procuradoria da Colômbia à Interpol (polícia internacional).
"Os amigos daqui me advertiram que deveria ficar atento,
pois há uma comissão da Procuradoria que tem uma ordem
de captura", escreveu. Ele
acrescentou que, segundo os
mesmos amigos, não deveria se
preocupar, pois "a cúpula do
governo com apoio de Celso
Amorim estavam a par. Eles
não apoiariam uma captura por
crimes políticos".
O padre guerrilheiro, representante da Comissão Internacional da guerrilha, acabou preso pela Polícia Federal, no dia
24 de agosto de 2005. Em abril
do ano passado, ele conseguiu
status de refugiado político e
foi libertado.
A assessoria de imprensa do
Itamaraty negou a existência
de qualquer "participação pessoal" do chanceler no caso. "A
referência ao ministro no suposto e-mail não faz o menor
sentido", afirmou.
A reportagem não conseguiu
localizar o advogado de Medina, Hélio Silva Barros. A operadora informa que o número de
contato de Barros, registrado
na OAB do Distrito Federal, é
inexistente.
Fonte dos serviços de informação da Colômbia disse à Folha que o e-mail de Medina foi
encontrado em um dos três laptops de Reyes que teriam sido
apreendidos no local do bombardeio. A Colômbia já divulgou dezenas de mensagens
atribuídas a dirigentes das Farc
ligando a guerrilha a autoridades equatorianas e venezuelanas. Mas até agora não havia
menções a membros do governo brasileiro.
Há duas semanas, a Interpol
divulgou laudo de auditoria
realizada em arquivos-espelho
dos computadores, afirmando
que não houve manipulação
das informações. O relatório da
Interpol não se pronunciou sobre o conteúdo das mensagens
e disse que não poderia garantir
a origem dos computadores.
No mesmo e-mail, Medina
relaciona os nomes de Acasio e
Héctor num suposto negócio,
que não detalha. "O camarada
Héctor já tem contato com
Acasio para o negócio, e tem
muito boas relações aqui e me
disse que se encarregará de tudo sem problema, que nos entregará uma comissão sobre as
vendas, de acordo com o ordenado por jorge, o Mono Jojoy."
Acasio é provavelmente Tomás Medina Caracas, o Negro
Acácio -sócio do traficante
Fernandinho Beira-Mar morto
em 2007. Já Hector poderia ser
Héctor Orlando Martínez
Quinto, que está na Costa Rica.
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