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Governo Obama impõe condições a Cuba na OEA
Projeto dos EUA ignora reivindicação de revogar resolução que suspendeu ilha; Brasil promete trabalhar por "texto de consenso"
CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO
Os EUA ignoraram a pressão
dos países latino-americanos
para que seja revogada a decisão de 1962 que suspendeu o
governo de Cuba da OEA (Organização dos Estados Americanos) e apresentaram projeto
de resolução que impõe condições para a eventual reintegração cubana à entidade.
"A reintegração de Cuba à
OEA deve e vai depender mais
do que Cuba está disposta a fazer do que das concessões que
nós, como organização, estamos dispostos a fazer", disse o
embaixador americano, Hector
Morales, ao Conselho Permanente da OEA, reunido ontem
em Washington.
Ele citou a Carta Democrática, de 2001, pela qual os 34 países-membros se comprometem a "defender e promover a
democracia representativa".
A sessão do Conselho Permanente foi transmitida ao vivo,
em vídeo, pela internet.
O fato de os EUA terem apresentado um projeto foi considerado um avanço por diplomatas brasileiros, um sinal de
que a Casa Branca de Barack
Obama decidiu não ignorar um
tema caro aos vizinhos e que
deve dominar a 39ª Assembleia
Geral da OEA, na próxima semana, em Honduras.
O problema é que a proposta
polariza com a da Nicarágua,
apoiada pela Venezuela, que
prevê a retirada de todas as precondições para eventual reingresso cubano. Ao mesmo tempo, não menciona reivindicação dos demais latino-americanos, que é apenas anular decisão anacrônica, da Guerra Fria.
O regime de Cuba tem dito
que não pretende se reintegrar
à OEA, que chama de obsoleta.
A resolução de 1962 excluiu a
ilha não com base em cláusula
democrática, mas acusando o
país de receber armas de "potências comunistas extracontinentais" (a extinta URSS).
Na sessão do Conselho Permanente, o embaixador venezuelano, Roy Chaderton, chegou a propor levar os projetos à
votação, o que romperia a tradição de consenso na OEA.
O Brasil prometeu buscar um
texto consensual até a Assembleia Geral e um grupo de trabalho se reunirá a partir de hoje
com essa intenção. México, Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai e países do Caricom (Comunidade do Caribe, da qual
Cuba faz parte) adotaram essa
mesma posição.
Um possível consenso teria
como base a proposta de Honduras, que tenta conciliar as
três posições. O embaixador
mexicano, Gustavo Albin, citou
o "relançamento das relações
hemisféricas" -proposto por
Obama na Cúpula das Américas, no mês passado - como
motivo para não isolar os EUA.
"Vamos avançar e consolidar
esse espírito", disse.
Na reunião, ficou clara a tensão entre os artigos da Carta da
OEA que prometem respeito à
soberania e a Carta Democrática. Chaderton disse que "a democracia representativa está
sendo superada pela participativa, que a inclui".
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