São Paulo, quinta-feira, 28 de maio de 2009

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Atentado mata 30 pessoas e deixa 250 feridos no Paquistão

Ataque retalia ofensiva contra o Taleban, diz governo; serviço secreto é atingido, apesar de elo com radicais

DA REDAÇÃO

Pelo menos 30 pessoas morreram e 250 ficaram feridas em atentado contra as forças de segurança em Lahore, segunda maior cidade do Paquistão. A explosão de uma caminhonete destruiu na manhã de ontem o edifício que abrigava uma unidade da polícia e o ISI, poderoso serviço secreto paquistanês, em aparente retaliação à ofensiva contra o Taleban no Swat.
Três homens chegaram atirando e lançando granadas contra o complexo de segurança, contou o chefe de policia de Lahore, Pervaiz Rathore. Um dos terroristas morreu baleado por policiais, e os outros foram mortos quando uma caminhonete carregada de explosivos foi aos ares, segundo Rathore.
A explosão destruiu o quarteirão e danificou cerca de 70 veículos, atingidos pelos escombros. O impacto estilhaçou vidros a até dois quilômetros do local do atentado, segundo a imprensa paquistanesa.
É a primeira vez que uma base do ISI é atingida desde que, há dois anos, radicais islâmicos declararam guerra ao Estado paquistanês, dando início à série de atentados que já matou cerca de 2.000 pessoas.
A agência mantém relação estreita com radicais islâmicos, que atuam também nos vizinhos Afeganistão e Índia.
Acusados pelos aliados ocidentais de fazerem "jogo duplo", militares paquistaneses dizem que os contatos do ISI são parte da estratégia do país pela manutenção da influência regional, mas não significam aliança com insurgentes.
O atentado aparentemente marca uma guinada na relação de seus antigos protegidos com a agência. No passado, o ISI preparou guerrilheiros para enfrentar soviéticos no Afeganistão e indianos na Caxemira.
Dois suspeitos foram detidos, mas nenhuma organização reclamou a autoria do ataque. O ministro do Interior paquistanês, Rehman Malik, disse tratar-se uma represália de "inimigos do Paquistão" à ofensiva militar contra os insurgentes na região do vale do Swat.
A operação militar, deflagrada no início do mês em resposta ao avanço do Taleban em áreas próximas à capital, Islamabad, provocou 1.190 baixas entre os insurgentes, segundo o Exército paquistanês. Não há estimativas sobre as mortes de civis.
Moradores foram forçados a deixar a área conflagrada, em um dos maiores êxodos deste século, segundo a ONU, que registrou 2,4 milhões de desabrigados desde o último dia 2. Mais de 160 mil estão em campos de refugiados.
Apesar do impacto na população civil, a operação no Swat galvaniza o país. A ofensiva, que pôs fim a um fracassado pacto de paz selado entre o governo e líderes tribais em fevereiro, tem o endosso dos principais partidos de oposição.


Com o "Independent" e agências internacionais


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