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Hamas aceita acordo político sem reconhecer Estado judeu
DA REDAÇÃO
A informação de que o Hamas poderia reconhecer Israel,
mesmo "indiretamente", caiu
ontem por terra, pouco depois
da divulgação do acordo a que o
grupo terrorista chegou com o
Fatah, partido de Mahmud Abbas, presidente da Autoridade
Nacional Palestina.
Três representantes do Hamas negaram que o texto aceitasse esse reconhecimento. "O
documento possui uma cláusula explícita em referência ao
não-reconhecimento da legitimidade da ocupação", disse Sami Abu Zuhri, porta-voz do
grupo, à agência Reuters.
A palavra "ocupação" se aplica, na terminologia do grupo islâmico, à presença de Israel nos
territórios palestinos.
O deputado do Hamas Salah
Bardavil declarou que aceitava
apenas um Estado, em Gaza e
na Cisjordânia. "Mas não dissemos que aceitaríamos dois."
O ministro palestino Abdul
Rahman Zidan, do Hamas, disse à BBC que não há reconhecimento indireto do Estado israelense. "Trata-se de um acordo interno entre os palestinos.
Vocês não encontrarão no documento uma única palavra
que reconheça Israel", afirmou.
O acordo ainda prevê a criação, em duas semanas, de um
governo palestino unitário, em
que o Hamas aceitaria no gabinete ministros do Fatah, disse o
jornal israelense "Haaretz".
A idéia de dois Estados estava
numa proposta anterior, elaborado por prisioneiros palestinos de diversas tendências, que
estão em prisões israelenses.
Abbas pressionou o Hamas
para que aceitasse a formulação. Ela traria, como vantagem
adicional, a suspensão do embargo financeiro que inviabilizou a Autoridade Nacional Palestina, desde que o grupo islâmico conquistou, em janeiro, o
governo local.
Abbas também convocou um
plebiscito em 26 de julho, pelo
qual perguntaria aos eleitores
se eles se dispunham a aceitar o
chamado "documento dos prisioneiros", que incluía o reconhecimento implícito de Israel.
A questão, segundo pesquisas,
receberia uma resposta positiva, desautorizando o Hamas.
Não está claro até que ponto
o presidente palestino utilizou
o reconhecimento de Israel como um balão de ensaio, quando
seu propósito seria o de, mais
modestamente, obter pelo
acordo um governo também integrado pelo Fatah.
OLP ampliada
O "Haaretz" diz que um dos
tópicos do documento é o que
dá à OLP (Organização para a
Libertação da Palestina) o monopólio do diálogo com Israel.
Mas, em lugar de um conglomerado de partidos laicos sob a
liderança do Fatah, ela passaria
a incorporar também as facções palestinas islâmicas.
A versão de que o Hamas
aceitava reconhecer Israel chegou a correr em Bruxelas, onde
a União Européia reagiu de modo positivo, embora afirmasse
que se tratava apenas "de um
bom começo", segundo a porta-voz Benita Ferrero-Waldner.
Em Washington, pronunciando-se bem depois, o porta-voz da Casa Branca, John
Snow, foi um pouco mais prudente. "O que queremos é ler o
documento para podermos entender qual é suas posições."
Ele considerou insuficiente a
declaração do porta-voz palestino Sami Abu Zuhri de que o
acordo entre palestinos significava "um momento histórico".
Com agências internacionais
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