São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 2006

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Hamas aceita acordo político sem reconhecer Estado judeu

DA REDAÇÃO

A informação de que o Hamas poderia reconhecer Israel, mesmo "indiretamente", caiu ontem por terra, pouco depois da divulgação do acordo a que o grupo terrorista chegou com o Fatah, partido de Mahmud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina.
Três representantes do Hamas negaram que o texto aceitasse esse reconhecimento. "O documento possui uma cláusula explícita em referência ao não-reconhecimento da legitimidade da ocupação", disse Sami Abu Zuhri, porta-voz do grupo, à agência Reuters.
A palavra "ocupação" se aplica, na terminologia do grupo islâmico, à presença de Israel nos territórios palestinos.
O deputado do Hamas Salah Bardavil declarou que aceitava apenas um Estado, em Gaza e na Cisjordânia. "Mas não dissemos que aceitaríamos dois."
O ministro palestino Abdul Rahman Zidan, do Hamas, disse à BBC que não há reconhecimento indireto do Estado israelense. "Trata-se de um acordo interno entre os palestinos. Vocês não encontrarão no documento uma única palavra que reconheça Israel", afirmou.
O acordo ainda prevê a criação, em duas semanas, de um governo palestino unitário, em que o Hamas aceitaria no gabinete ministros do Fatah, disse o jornal israelense "Haaretz".
A idéia de dois Estados estava numa proposta anterior, elaborado por prisioneiros palestinos de diversas tendências, que estão em prisões israelenses.
Abbas pressionou o Hamas para que aceitasse a formulação. Ela traria, como vantagem adicional, a suspensão do embargo financeiro que inviabilizou a Autoridade Nacional Palestina, desde que o grupo islâmico conquistou, em janeiro, o governo local.
Abbas também convocou um plebiscito em 26 de julho, pelo qual perguntaria aos eleitores se eles se dispunham a aceitar o chamado "documento dos prisioneiros", que incluía o reconhecimento implícito de Israel. A questão, segundo pesquisas, receberia uma resposta positiva, desautorizando o Hamas.
Não está claro até que ponto o presidente palestino utilizou o reconhecimento de Israel como um balão de ensaio, quando seu propósito seria o de, mais modestamente, obter pelo acordo um governo também integrado pelo Fatah.

OLP ampliada
O "Haaretz" diz que um dos tópicos do documento é o que dá à OLP (Organização para a Libertação da Palestina) o monopólio do diálogo com Israel. Mas, em lugar de um conglomerado de partidos laicos sob a liderança do Fatah, ela passaria a incorporar também as facções palestinas islâmicas.
A versão de que o Hamas aceitava reconhecer Israel chegou a correr em Bruxelas, onde a União Européia reagiu de modo positivo, embora afirmasse que se tratava apenas "de um bom começo", segundo a porta-voz Benita Ferrero-Waldner.
Em Washington, pronunciando-se bem depois, o porta-voz da Casa Branca, John Snow, foi um pouco mais prudente. "O que queremos é ler o documento para podermos entender qual é suas posições."
Ele considerou insuficiente a declaração do porta-voz palestino Sami Abu Zuhri de que o acordo entre palestinos significava "um momento histórico".


Com agências internacionais

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