|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Concentração é benéfica para ambiente, argumenta a ONU
DA SUCURSAL DO RIO
O relatório do UNFPA defende que a concentração populacional traz benefícios em termos de impactos ambientais
que compensam as desvantagens. O documento cita um estudo feito a partir de imagens
de satélites que mostra que todos os grandes assentamentos
urbanos cobrem apenas 2,8%
da superfície terrestre. Como
3,3 bilhões de pessoas vivem
hoje nas áreas urbanas, significa que metade da população
mundial ocupa um território
não superior ao do Japão.
"Se a população estivesse
mais dispersa, ocuparia menos
terras valiosas? Isso ajudaria a
evitar a invasão de ecossistemas frágeis? Na maioria dos
países, as respostas seriam
"não'", diz o relatório.
Para George Martine, autor
principal do texto, o exemplo
vale para o Brasil: "Seria melhor se a população que migrou
para Rio e São Paulo tivesse se
estabelecido na Amazônia, como queriam os militares?".
O demógrafo Daniel Hogan,
da Unicamp, concorda. "Nas cidades, é possível atender de
forma mais econômica e viável
as necessidades ambientais da
população. Há uma economia
de escala quando a demanda
está concentrada."
Consumo, o porém
Sérgio Besserman, ex-presidente do IBGE e presidente do
Instituto Pereira Passos, afirma, no entanto, que a principal
questão não é a dispersão da
população, mas sim os padrões
de consumo da vida urbana,
que hoje são insustentáveis do
ponto de vista de seus efeitos
no aquecimento global.
"Quem mais contribui hoje
com a emissão de gases do efeito estufa são 600 milhões de
pessoas que vivem na Europa,
EUA, Japão ou que são da classe média e alta de países emergentes. Neste momento, no entanto, dezenas de milhões de
pessoas estão saindo da pobreza na China, Índia ou Brasil.
Elas vão querer repetir esse padrão de consumo e estão no direito delas. Só que, em pouco
tempo [em 2050], seremos 9
bilhões no mundo", diz.
Para Besserman, isso mostra
que a discussão demográfica
precisa vir acompanhada do
debate sobre uma mudança nos
padrões de consumo.
Texto Anterior: Na China, 300 mi rumam para centros urbanos Próximo Texto: Palmas e Manaus crescem em direção oposta Índice
|