São Paulo, quinta-feira, 28 de junho de 2007

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Concentração é benéfica para ambiente, argumenta a ONU

DA SUCURSAL DO RIO

O relatório do UNFPA defende que a concentração populacional traz benefícios em termos de impactos ambientais que compensam as desvantagens. O documento cita um estudo feito a partir de imagens de satélites que mostra que todos os grandes assentamentos urbanos cobrem apenas 2,8% da superfície terrestre. Como 3,3 bilhões de pessoas vivem hoje nas áreas urbanas, significa que metade da população mundial ocupa um território não superior ao do Japão.
"Se a população estivesse mais dispersa, ocuparia menos terras valiosas? Isso ajudaria a evitar a invasão de ecossistemas frágeis? Na maioria dos países, as respostas seriam "não'", diz o relatório.
Para George Martine, autor principal do texto, o exemplo vale para o Brasil: "Seria melhor se a população que migrou para Rio e São Paulo tivesse se estabelecido na Amazônia, como queriam os militares?".
O demógrafo Daniel Hogan, da Unicamp, concorda. "Nas cidades, é possível atender de forma mais econômica e viável as necessidades ambientais da população. Há uma economia de escala quando a demanda está concentrada."

Consumo, o porém
Sérgio Besserman, ex-presidente do IBGE e presidente do Instituto Pereira Passos, afirma, no entanto, que a principal questão não é a dispersão da população, mas sim os padrões de consumo da vida urbana, que hoje são insustentáveis do ponto de vista de seus efeitos no aquecimento global.
"Quem mais contribui hoje com a emissão de gases do efeito estufa são 600 milhões de pessoas que vivem na Europa, EUA, Japão ou que são da classe média e alta de países emergentes. Neste momento, no entanto, dezenas de milhões de pessoas estão saindo da pobreza na China, Índia ou Brasil. Elas vão querer repetir esse padrão de consumo e estão no direito delas. Só que, em pouco tempo [em 2050], seremos 9 bilhões no mundo", diz.
Para Besserman, isso mostra que a discussão demográfica precisa vir acompanhada do debate sobre uma mudança nos padrões de consumo.


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