São Paulo, sábado, 28 de junho de 2008

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Brasil ajudará Paraguai a regularizar brasiguaios

Brasília oferecerá treinamento de agentes e custeará sistema de imigração; vizinho alega não ter verba para registrar agricultores

IURI DANTAS
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil vai financiar a modernização do sistema de imigração do Paraguai e treinar os agentes que trabalham no setor no país vizinho. As medidas fazem parte de uma estratégia do governo brasileiro para contornar a alegação dos paraguaios de que falta dinheiro para regularizar brasileiros que vivem em situação irregular no país.
O plano é elaborado pela ABC (Agência Brasileira de Cooperação), que não divulga os termos antes de concluir todos os seus detalhes. Não se sabe ainda com quanto arcarão os cofres públicos brasileiros.
O programa de modernização vai fornecer de computadores à instalação física de redes e outros equipamentos. O objetivo da Chancelaria brasileira é derrubar um argumento recorrente de Assunção de que não possui condições técnicas de cadastrar todos os brasiguaios -produtores rurais brasileiros que migraram para o país vizinho nas últimas décadas em busca de terras mais baratas.
Sob consenso do governo atual, de Nicanor Duarte, e depois da equipe do recém-eleito presidente Fernando Lugo, o Brasil já fez um primeiro levantamento pela Polícia Federal. O número exato de brasiguaios ainda encontra divergências dentro do governo. Para o Itamaraty, não passam de 150 mil pessoas. Já o Ministério da Justiça estima haver 400 mil.

Diálogo
Também auxiliam no cadastramento e identificação de todos os brasiguaios o PT, a Cáritas e a Pastoral dos Migrantes, ligada à Igreja Católica do Brasil. Segundo o secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, membros de seu partido e da coalizão de Lugo devem se reunir às vésperas da posse do presidente, em agosto, para discutir a questão dos brasiguaios, entre outras.
Os brasiguaios são responsáveis por quase 60% da produção paraguaia de soja. Temem, porém, ser vítimas da promessa de reforma agrária de Lugo, que já deu apoio público à onda de invasões que atinge também suas terras.
Mas integrantes do governo brasileiro crêem em um diálogo melhor com a equipe do esquerdista do que com a de seu antecessor, apurou a Folha.


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