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MÍDIA
Plano visa assegurar presença importante do país na "batalha mundial de imagens'; rede terá matérias em francês, inglês e árabe
França quer ter canal internacional de notícias em 2004
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
O governo francês pretende lançar, em 2004, um canal internacional de notícias, numa tentativa
de difundir o modo como o país
vê o mundo e a cultura francesa, a
exemplo do que já ocorre com o
Reino Unido por meio da BBC.
O projeto, lançado no primeiro
semestre deste ano, tem como objetivo oficial "garantir uma presença mais importante e mais visível da França na batalha mundial de imagens e contribuir para
o pluralismo da informação internacional", segundo um boletim
informativo do gabinete do premiê francês, Jean-Pierre Raffarin.
De acordo com Dominique
Reynié, cientista político do Instituto de Estudos Políticos de Paris,
isso significa que a administração
francesa "se deu conta de que está
perdendo a batalha audiovisual e
de que é preciso estender sua esfera de influência cultural por meio
de uma rede de TV".
"Trata-se de uma questão de
"soft power", o poder que advém
da influência cultural e ideológica
de um país sobre o restante do
planeta. Sabemos que a França
era muito importante nessas
áreas até o século 19 ou o início do
século passado, mas essa influência foi diluindo-se com o tempo.
Assim, o plano de lançar um canal
de notícias parece inserir-se no
esforço para recuperar o atraso",
explicou Reynié à Folha.
"Antevejo uma rede de notícias
bem mais parecida com a BBC
britânica do que com a CNN americana. Esta é privada, não pública. Assim, deveremos ver programas de forte conteúdo analítico
no futuro canal francês", acrescentou o cientista político.
O chanceler francês, Dominique de Villepin, prometeu, há
duas semanas, que Paris dará o
apoio financeiro necessário para
que o projeto se concretize, dizendo que o poder público dedicará a
ele "meios importantes e duráveis". Estima-se que o CFI-24 (Canal França Internacional, 24 horas
por dia) venha a ter um orçamento de 80 milhões, podendo chegar a 100 milhões, além das contribuições de seus "membros",
como imagens, reportagens etc.
Um estudo da Assembléia Nacional da França sobre o canal de
notícias, divulgado em maio, preconiza uma grande aliança em
torno do projeto. Assim, poderiam ser "membros" do canal a
agência de notícias France Presse,
as redes de televisão TV5 e Euronews e grupos privados, como a
TF1 e o Canal Plus. De Villepin falou de uma "parceria entre operadores públicos e privados".
O presidente do CFI-24 será indicado pelo Conselho Superior do
Audiovisual. Cerca de 200 pessoas
trabalharão na rede, entre os
quais por volta de cem jornalistas.
No início, as imagens do canal
de notícias -em francês, em inglês e em árabe- serão captadas
na Europa, na África e no Oriente
Médio. Mais tarde, sua difusão será estendida às Américas e à Ásia,
com o português, o espanhol e o
chinês podendo ser introduzidos
em sua programação.
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