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JUSTIÇA
Vítimas, que moravam na cidade de Angers, tinham de 10 meses a 14 anos
França condena 62 por pedofilia
DA REDAÇÃO
Terminou ontem, com penas
de até 28 anos de prisão, o maior
processo por pedofilia já registrado na França. Os réus, 39 homens
e 26 mulheres, eram moradores
de um subúrbio operário da cidade de Angers, a oeste de Paris, e
foram responsabilizados pelo
abuso sexual de 45 menores, com
idades de dez meses a 14 anos.
Apenas três dos 65 réus foram
inocentados. Os juízes rejeitaram
todos os argumentos em favor de
circunstâncias atenuantes. A
maior vítima, chamada Marine
V., uma garota hoje com dez anos,
sofreu abusos 45 vezes.
O processo foi aberto no início
de março. Mobilizou 150 testemunhas e 51 advogados, nove deles
como auxiliares da Promotoria.
Os autos reuniram 15 mil páginas.
Eric J. (a lei francesa proíbe a divulgação de nomes próprios em
crimes contra crianças) foi condenado a 28 anos. Era um dos organizadores da rede, abusou sexualmente de 11 vítimas e foi proxeneta de 35 outras.
Pena idêntica recebeu Philippe
V. Ele havia estuprado o próprio
filho, Franck V., quando este ainda era criança, e recentemente estuprou os três netos.
Franck e sua ex-mulher, Patrícia
M., aliciavam os próprios filhos,
sobrinhos e afilhados, além de
crianças da vizinhança. Ele foi
considerado culpado pelo estupro de 11 menores, proxenetismo
de 30 e agressões sexuais contra 15
outros. Foi condenado a 18 anos.
Patrícia foi condenada a 16
anos. Ela era a tesoureira da rede
de proxenetismo e foi considerada culpada de violência sexual
contra 18 menores.
As investigações foram abertas
em 2000, quando uma garota de
16 anos procurou uma assistente
social para denunciar o padrasto e
o irmão por estupro. Todos os casos ocorreram entre 1999 e 2002.
Não há imigrantes entre os réus,
que são franceses. Segundo os juízes, os condenados têm baixa escolaridade e pouca qualificação
profissional. A metade é composta por desempregados crônicos e
vive de pensões previdenciárias.
Mas não foi por razões econômicas que pais entregavam seus
filhos à rede de pedofilia. Não precisavam da prostituição como recurso extremo para obter renda
ou se alimentar. São pessoas que
os psiquiatras classificaram de desajustadas, incultas e sem convívio social baseado em interesses
de suas comunidades.
No ano passado, um outro processo coletivo por pedofilia terminou com a condenação de dez dos
17 réus na cidade de Outreau, norte da França.
Em Outreau e em Angers, não
ocorreu recrutamento de vítimas
por meio da internet, o que comumente acontece nas redes de pedofilia americanas. O assédio se
dava por relações de parentesco e
de vizinhança.
Os réus tampouco fotografavam ou registravam em vídeo o
suplício de suas vítimas. Não se
tratava de uma rede de produção
de material pornográfico a ser comercializado.
Os casos de pedofilia têm merecido bastante divulgação na Europa, onde o problema era considerado tabu até meados dos anos 80.
Em 2004, o belga Marc Dutroux
foi sentenciado à prisão perpétua
porque estuprou seis garotas menores e assassinou duas delas.
Mais recentemente, sete pessoas
foram condenadas em Portugal
pelo estupro de 32 garotos residentes num orfanato.
Com agências internacionais
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