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Washington faz pressão para que Zelaya aceite plano de mediador
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Na guerra de paciência que
virou a crise hondurenha do
ponto de vista de Washington,
o Departamento de Estado
americano disse ontem que não
trabalha com prazos para que a
crise acabe. A declaração, do
porta-voz da Chancelaria, serve
para pressionar o presidente
deposto, Manuel Zelaya, para
que aceite as condições do
Acordo de San José.
O plano, esboçado pelo presidente costa-riquenho Óscar
Arias com aval do governo de
Barack Obama, prevê a volta de
Zelaya ao cargo, com poderes
limitados e a antecipação de
novembro para outubro das
eleições para escolher seu sucessor. Sugere também uma
anistia legal para todas as partes envolvidas.
O comando militar hondurenho emitiu nota no fim de semana dizendo que apoia o plano. Em artigo publicado ontem
no diário econômico "Wall
Street Journal", o líder do regime golpista, Roberto Micheletti, sugere que pode vir a aceitar
os pontos propostos e pede que
os EUA continuem seguindo as
"sábias decisões" de sua secretária de Estado, Hillary Clinton
-mais cautelosa do que Obama
na condenação do golpe.
No artigo, Micheletti escreve
que, "se todas as partes concordarem em deixar o sr. Zelaya
voltar para Honduras -um
grande "se'-, acreditamos que
não se pode confiar que ele vá
respeitar a lei, portanto nossa
posição é a de que ele deve ser
processado como manda a lei".
Mais adiante, no entanto, concede que a proposta de anistia
"pode vir a ser considerada".
Já na coletiva de ontem, o
porta-voz do Departamento de
Estado disse estar "satisfeito"
com a perspectiva de deixar o
processo de negociação esgotar
seu curso. "Não vamos colocar
nenhum prazo artificial nisso",
afirmou P.J. Crowley. Segundo
ele, o número um da Chancelaria para a América Latina, Thomas Shannon, continua em
contato com Zelaya.
Congresso
Ainda assim, fica claro que o
respaldo ao presidente deposto
está cada vez menor na capital
americana e que os principais
atores das negociações em torno do futuro político de Honduras jogam com o tempo para
que ele ceda ao acordo proposto por Arias.
Mesmo no Congresso dos
EUA, onde os democratas são
maioria e foram defensores de
primeira hora do restabelecimento de Zelaya, o ânimo da situação em torno do hondurenho dava mostras de arrefecer
-enquanto o da oposição republicana se aquecia.
No sábado, a representante
(deputada federal) Connie
Mack, da Flórida, visitou Tegucigalpa numa "missão apuradora de fatos", na qual se encontrou com os golpistas. A resolução que apresentou à Câmara
em que pede que os EUA reconheçam o regime conta com a
assinatura de 31 colegas.
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