São Paulo, quarta-feira, 28 de agosto de 2002

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ESPANHA

Ação cumpre determinação do juiz Garzón; sete simpatizantes do Batasuna são presos, e bomba é desativada em Tolosa

Polícia basca fecha sedes do partido do ETA

Associated Press
Dirigente do Batasuna morde mão de policial basco durante tomada da sede do partido em Bilbao


DA REDAÇÃO

A polícia autônoma basca (Espanha) enfrentou ontem barricadas humanas e disparou balas de borracha para fechar escritórios do partido nacionalista Batasuna em Vitória, Bilbao e San Sebastián, as três capitais da região autônoma do País Basco. A ação cumpria a determinação do juiz Baltasar Garzón, anteontem, de suspender por três meses as atividades da agremiação, acusada de servir como braço político do grupo terrorista separatista ETA.
As incursões da Ertzaintza, a polícia basca, significaram os primeiros enfrentamentos desde a determinação de Garzón e a aprovação pelo Parlamento espanhol, também anteontem, do início de um processo para colocar o Batasuna definitivamente na ilegalidade. A Ertzaintza é subordinada ao governo autônomo basco, controlado pelo PNV (Partido Nacionalista Basco), que votou contra a proposta de banimento do Batasuna no Parlamento.
A polícia nacional espanhola já havia fechado oito escritórios do Batasuna na região autônoma de Navarra, mas o fechamento dos escritórios no País Basco marcou uma escalada na ação policial e nos enfrentamentos.
Sete simpatizantes do Batasuna foram presos à tarde em Bilbao e em San Sebastián, após colocarem fogo em ônibus. À noite, a tensão aumentou com um aviso anônimo sobre uma bomba na cidade basca de Tolosa. Explosivos colocados num pote de cozinha foram desativados pela polícia.
A decisão do Parlamento, que seguiu a aprovação de uma polêmica lei de partidos, em junho, autorizou o primeiro-ministro, José María Aznar, a solicitar à Justiça o banimento definitivo do partido, o que deve acontecer até dezembro. A decisão de Garzón, que tem efeito imediato, determinou o fechamento de todas as sedes do partido e impede o grupo de fazer reuniões ou convocar manifestações públicas.
A decisão não atinge, porém, os cerca de 900 vereadores do Batasuna e seus 15 deputados nos Parlamentos de Navarra e País Basco, que poderão concluir seus mandatos. Nas últimas eleições para o Parlamento basco, o Batasuna obteve cerca de 10% dos votos.
O ETA e o Batasuna defendem a criação de um Estado socialista basco independente em parte do nordeste da Espanha e do sudoeste da França. Desde 1968, ações terroristas do ETA deixaram, segundo o juiz Garzón, 836 pessoas mortas e 2.367 feridas.
Os membros do Batasuna prometeram continuar atuando politicamente, apesar da decisão da Justiça. "Não nos tornaremos clandestinos, seguiremos trabalhando nas cidades, nas fábricas, nas escolas", disse à Folha Juan José Petrikorena, membro da direção nacional do partido.
"Somos uma força suficientemente enraizada no País Basco. Temos 200 mil eleitores, que apostam na independência", disse. "Temos legitimidade para continuar trabalhando."

Apoio dos EUA
O governo dos EUA, que tem o ETA em sua lista de organizações terroristas, anunciou ontem seu apoio à suspensão do Batasuna.
"Como qualquer democracia soberana, o governo legitimamente eleito da Espanha tem o direito de utilizar cada instituição democrática, sistema legal ou tribunais para se defender de organizações terroristas", afirmou Richard Boucher, porta-voz do Departamento de Estado.


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