São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 2006

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Grupo palestino liberta jornalistas da Fox em Gaza

Anwar Amro/ France Presse
Morador de bairro xiita de Beirute atingido pelos ataques de Israel caminha entre os escombros


Seqüestrados há duas semanas, o repórter americano e o câmera neozelandês foram forçados a se converter ao islã

Jornalistas fazem apelo para que colegas não deixem de trabalhar nos territórios palestinos; ataques aéreos de Israel deixam 4 mortos

DA REDAÇÃO

Dois jornalistas da rede de TV norte-americana Fox News, seqüestrados há duas semanas em Gaza por um grupo islâmico, foram libertados ontem com boas condições de saúde, depois de terem sido obrigados a se converter ao islã.
O correspondente americano Steve Centanni, 60, e o cinegrafista neozelandês Olaf Wiig, 36, foram deixados em frente a um hotel de Gaza. Ao chegar, logo após o meio-dia, Centanni, em prantos, abraçou um jornalista palestino no lobby.
Centanni e Wiig se encontraram com o premiê palestino, Ismail Haniyeh, e rapidamente deixaram Gaza, não sem antes pedir aos repórteres estrangeiros para não terem medo de cobrir o conflito palestino na faixa de Gaza. "Espero que isso nunca assuste um único jornalista de vir a Gaza e cobrir a história porque o povo palestino é lindo e de bom coração", disse Centanni. "O mundo precisa saber mais sobre eles."
"Minha maior preocupação é que o que aconteceu conosco possa desencorajar jornalistas estrangeiros a virem para contar a história e isso seria uma grande tragédia para o povo palestino", afirmou Wiig.
Em ligação telefônica para a Fox News, Centanni disse ter sido primeiramente capturado por quatro homens armados e mascarados. Sua cabeça foi coberta com um capuz preto e ele foi arrastado com Wiig para uma pequeno carro. Os pertences foram levados, e as mãos amarradas para trás. "Ainda tenho algumas marcas no punho", disse. No cativeiro, Centanni disse ter sido mantido algumas vezes com o rosto abaixado numa garagem escura e amarrado em posições dolorosas e sem poder se comunicar.
Antes de serem soltos, foi transmitido um novo vídeo o qual mostrava Wiig e Centanni em trajes em estilo árabe. Wiig fez um discurso antiocidental, com rosto sem emoção, e os seqüestradores obrigaram os dois se converter ao islamismo. "Não me interpretem mal. Tenho o maior respeito pelo islamismo e aprendi muitas coisas, mas é algo que nos sentimos obrigados a fazer, porque eles tinham armas e não sabíamos o que estava acontecendo."
Até ontem não estava claro quem eram os seqüestradores e quais foram os motivos que os levaram a libertar os jornalistas, capturados no dia 14 por um grupo desconhecido, chamado Brigadas da Jihad Sagrada. O grupo exigia a libertação dos muçulmanos detidos em prisões norte-americanas.

Ataques
Ataques aéreos israelenses na faixa de Gaza deixaram quatro palestinos mortos ontem. No início da madrugada, dois jornalistas que estavam num carro da agência Reuters ficaram feridos em um ataque. Em outro incidente, um menino de seis anos ficou ferido ao ser atingido por um tiro.


Com agências internacionais


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