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análise
Presidente faz "limpeza" antes de 2008
DE WASHINGTON
A renúncia do secretário
da Justiça Alberto Gonzales pode ser vista de duas
maneiras: como um isolamento ainda maior de
Bush na Casa Branca, ao
perder em duas semanas
dois de seus auxiliares
mais próximos e antigos,
ou como a última cartada
do republicano para reconquistar influência política no tempo que lhe resta
de mandato.
A segunda hipótese é a
mais provável. A saída de
Gonzales, assim como a de
Karl Rove, outro assessor
graduado também envolvido em polêmicas, está
sendo considerada por
analistas uma espécie de
"operação limpeza" da Casa Branca. O objetivo é que
Bush retome uma convivência menos tumultuada
com o Congresso até as
eleições de 2008.
Isso facilitaria as negociações em torno da Guerra do Iraque -que viverão
momento crítico a partir
de setembro, quando o
Congresso ouvirá o depoimento dos atuais embaixador e comandante militar norte-americanos naquele país- e atenderia a
demanda dos políticos republicanos, preocupados
com as eleições.
Na avaliação de congressistas da situação, a
permanência de Rove e
Gonzales criava um ruído
desnecessário numa corrida em que o partido do
presidente parece ser o
azarão, com a democrata
Hillary Clinton à frente
tanto nas pesquisas de intenção de voto quanto na
arrecadação -até agora, a
ex-primeira-dama já levantou mais dinheiro do
que todos os pré-candidatos republicanos juntos.
Apesar de não ter anunciado sua pré-candidatura,
o ex-senador-ator republicano Fred Thompson foi o
primeiro a correr atrás dos
refletores. "Desejo tudo de
bom a ele", disse a uma rádio sobre Gonzales. Mas
"as coisas claramente não
estavam sendo conduzidas como deveriam estar
já havia algum tempo".
Congressistas democratas afirmaram que a renúncia de Gonzales não o
livrará de depoimentos e
investigações. "O Congresso deve ir ao fundo da
confusão e seguir os fatos
aonde quer que eles levem", disse Harry Reid, líder da maioria no Senado.
"O próximo secretário
deveria proteger mais o
cumprimento da lei do
que ele protege o presidente", disse Hillary Clinton. Já o site da campanha
do ex-senador e pré-candidato democrata John
Edwards o chamou de "o
mesmo homem que nos
deu a espionagem ilegal e
Abu Ghraib".
Para Bruce Buchanan,
professor de estudos de
governo da Universidade
do Texas, Bush fez o mesmo que com o ex-secretário da Defesa Donald
Rumsfeld. "Ficou um pouco mais com as pessoas do
que deveria."
(SD)
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