São Paulo, terça-feira, 28 de agosto de 2007

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análise

Presidente faz "limpeza" antes de 2008

DE WASHINGTON

A renúncia do secretário da Justiça Alberto Gonzales pode ser vista de duas maneiras: como um isolamento ainda maior de Bush na Casa Branca, ao perder em duas semanas dois de seus auxiliares mais próximos e antigos, ou como a última cartada do republicano para reconquistar influência política no tempo que lhe resta de mandato.
A segunda hipótese é a mais provável. A saída de Gonzales, assim como a de Karl Rove, outro assessor graduado também envolvido em polêmicas, está sendo considerada por analistas uma espécie de "operação limpeza" da Casa Branca. O objetivo é que Bush retome uma convivência menos tumultuada com o Congresso até as eleições de 2008.
Isso facilitaria as negociações em torno da Guerra do Iraque -que viverão momento crítico a partir de setembro, quando o Congresso ouvirá o depoimento dos atuais embaixador e comandante militar norte-americanos naquele país- e atenderia a demanda dos políticos republicanos, preocupados com as eleições.
Na avaliação de congressistas da situação, a permanência de Rove e Gonzales criava um ruído desnecessário numa corrida em que o partido do presidente parece ser o azarão, com a democrata Hillary Clinton à frente tanto nas pesquisas de intenção de voto quanto na arrecadação -até agora, a ex-primeira-dama já levantou mais dinheiro do que todos os pré-candidatos republicanos juntos.
Apesar de não ter anunciado sua pré-candidatura, o ex-senador-ator republicano Fred Thompson foi o primeiro a correr atrás dos refletores. "Desejo tudo de bom a ele", disse a uma rádio sobre Gonzales. Mas "as coisas claramente não estavam sendo conduzidas como deveriam estar já havia algum tempo".
Congressistas democratas afirmaram que a renúncia de Gonzales não o livrará de depoimentos e investigações. "O Congresso deve ir ao fundo da confusão e seguir os fatos aonde quer que eles levem", disse Harry Reid, líder da maioria no Senado.
"O próximo secretário deveria proteger mais o cumprimento da lei do que ele protege o presidente", disse Hillary Clinton. Já o site da campanha do ex-senador e pré-candidato democrata John Edwards o chamou de "o mesmo homem que nos deu a espionagem ilegal e Abu Ghraib".
Para Bruce Buchanan, professor de estudos de governo da Universidade do Texas, Bush fez o mesmo que com o ex-secretário da Defesa Donald Rumsfeld. "Ficou um pouco mais com as pessoas do que deveria." (SD)


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