São Paulo, sexta-feira, 28 de agosto de 2009

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Polícia venezuelana fecha cerco contra opositores de Chávez

Número dois de governo de Caracas é preso, e casa de ex-presidente sofre operação de busca e apreensão

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Em episódios diferentes nos últimos dois dias, a polícia venezuelana prendeu o número dois do governo metropolitano de Caracas, Richard Blanco, 11 funcionários da mesma administração, controlada pela oposição, e realizou uma operação de busca e apreensão na casa do ex-presidente Jaime Lusinchi.
Blanco, chefe da administração civil do governo metropolitano de Caracas, foi preso anteontem no final da tarde quando saía de seu gabinete. Ele é acusado pelo Ministério Público de tentar asfixiar um policial vestido de civil que filmava uma marcha realizada no sábado contra a nova Lei de Educação. A manifestação, realizada no centro de Caracas, foi dispersada com jatos de água e bombas de gás lacrimogêneo.
Blanco nega a acusação e afirma que ele protegeu o policial de manifestantes que o estavam agredindo. Até agora, não apareceram imagens do episódio.
Na terça, o presidente Hugo Chávez condecorou o coronel Antonio Benavides com a Ordem do Libertador, a mais importante do país, por ter comandado as operações de sábado contra a marcha.
No final da tarde de ontem, foram detidos 11 funcionários do governo metropolitano de Caracas que protestavam diante do Tribunal Supremo de Justiça contra projeto de lei que transfere ao governo biônico da capital venezuelana, recém-criado por Chávez, todas as competências executivas.
Os funcionários foram indiciados por perturbação da ordem pública e obstrução de via -a marcha não fora autorizada pelo Ministério do Interior.
O governador de Caracas, Antonio Ledezma, acusa Chávez de não respeitar o resultado das eleições de novembro ao promover o "desmantelamento" de suas competências. Já o governo nacional afirma que a regulamentação do Distrito Capital está prevista na Constituição de 1999.
Em outro episódio envolvendo a polícia de Chávez e a oposição, a casa do ex-presidente Jaime Lusinchi (1984-89) foi alvo ontem de uma operação de busca e apreensão por determinação judicial. Até o fechamento desta edição, não havia informação oficial sobre o motivo.
De Miami (EUA), Lusinchi disse ao canal de TV Globovisión que a operação foi "mais uma arbitrariedade" do governo Chávez. Em Caracas, o seu filho Alvaro disse que a operação estaria buscando "armas de fogo" na casa. Segundo ele, nada foi levado.
Nos últimos meses, vários líderes oposicionistas e dissidentes têm sido alvos de processos judiciais. Entre eles está o ex-prefeito de Maracaibo Manuel Rosales, que, ameaçado de prisão, fugiu para o Peru, onde recebeu asilo político. Já o ex-ministro da Defesa Raúl Baduel, rompido com Chávez desde 2007, está preso desde o início de abril. Ambos são acusados de corrupção.


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