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Polícia venezuelana fecha cerco contra opositores de Chávez
Número dois de governo de Caracas é preso, e casa de ex-presidente sofre operação de busca e apreensão
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Em episódios diferentes nos
últimos dois dias, a polícia venezuelana prendeu o número
dois do governo metropolitano
de Caracas, Richard Blanco, 11
funcionários da mesma administração, controlada pela oposição, e realizou uma operação
de busca e apreensão na casa do
ex-presidente Jaime Lusinchi.
Blanco, chefe da administração civil do governo metropolitano de Caracas, foi preso anteontem no final da tarde quando saía de seu gabinete. Ele é
acusado pelo Ministério Público de tentar asfixiar um policial
vestido de civil que filmava
uma marcha realizada no sábado contra a nova Lei de Educação. A manifestação, realizada
no centro de Caracas, foi dispersada com jatos de água e
bombas de gás lacrimogêneo.
Blanco nega a acusação e
afirma que ele protegeu o policial de manifestantes que o estavam agredindo. Até agora,
não apareceram imagens do
episódio.
Na terça, o presidente Hugo
Chávez condecorou o coronel
Antonio Benavides com a Ordem do Libertador, a mais importante do país, por ter comandado as operações de sábado contra a marcha.
No final da tarde de ontem,
foram detidos 11 funcionários
do governo metropolitano de
Caracas que protestavam diante do Tribunal Supremo de Justiça contra projeto de lei que
transfere ao governo biônico da
capital venezuelana, recém-criado por Chávez, todas as
competências executivas.
Os funcionários foram indiciados por perturbação da ordem pública e obstrução de via
-a marcha não fora autorizada
pelo Ministério do Interior.
O governador de Caracas,
Antonio Ledezma, acusa Chávez de não respeitar o resultado
das eleições de novembro ao
promover o "desmantelamento" de suas competências. Já o
governo nacional afirma que a
regulamentação do Distrito
Capital está prevista na Constituição de 1999.
Em outro episódio envolvendo a polícia de Chávez e a oposição, a casa do ex-presidente
Jaime Lusinchi (1984-89) foi
alvo ontem de uma operação de
busca e apreensão por determinação judicial. Até o fechamento desta edição, não havia informação oficial sobre o motivo.
De Miami (EUA), Lusinchi
disse ao canal de TV Globovisión que a operação foi "mais
uma arbitrariedade" do governo Chávez. Em Caracas, o seu
filho Alvaro disse que a operação estaria buscando "armas de
fogo" na casa. Segundo ele, nada foi levado.
Nos últimos meses, vários líderes oposicionistas e dissidentes têm sido alvos de processos judiciais. Entre eles está
o ex-prefeito de Maracaibo Manuel Rosales, que, ameaçado de
prisão, fugiu para o Peru, onde
recebeu asilo político. Já o ex-ministro da Defesa Raúl Baduel, rompido com Chávez desde 2007, está preso desde o início de abril. Ambos são acusados de corrupção.
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