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Merkel vence e muda aliança na Alemanha
Com os 33,4% dos votos obtidos ontem, chanceler deve formar primeiro governo de centro-direita do país desde 1998
Resultados selam fim de grande coalizão formada pela CDU e Partido Social-Democrata, que governou nos últimos quatro anos
CAROLINA VILA-NOVA
ENVIADA ESPECIAL A BERLIM
A chanceler (premiê) Angela
Merkel venceu as eleições parlamentares de ontem na Alemanha, obtendo votos suficientes para formar o primeiro governo de centro-direita no país
nos últimos 11 anos.
Projeções de TV estatais dão
à conservadora União Democrata-Cristã (CDU), de Merkel,
33,4% dos votos, ao lado de seu
partido-irmão na Baviera, a
União Social Cristã (CSU).
Seu parceiro preferencial para o novo governo, o Partido
Democrata Liberal (FDP), obteve históricos 15%.
"Alcançamos o objetivo de
uma maioria estável para um
novo governo", disse ontem
Merkel, que se reúne hoje com
o líder do FDP, Guido Westerwelle, para discutir a formação
do governo. Seguindo a tradição, ele deve se tornar ministro
das Relações Exteriores.
Os números selam o fim do
governo de grande coalizão formado pela CDU e o Partido Social-Democrata (SPD) durante
os últimos quatro anos.
Incapaz de fazer campanha
de oposição sendo parte do governo e perdendo votos para
outros setores da esquerda, o
SPD sofreu sua pior derrota em
60 anos: obteve 22,7%, 11,6
pontos a menos que em 2005.
"Este é um dia amargo para a
social-democracia alemã. Lutamos e perdemos", disse o candidato a primeiro-ministro,
Frank-Walter Steinmeier. "Na
oposição, temos de assegurar
que não haverá uma volta aos
anos 90 [auge das reformas
neoliberais sob o conservador-liberal Helmut Köhl]."
Pequenos crescem
Analistas acreditam que uma
parcela importante dos eleitores calculou o voto em favor do
FDP como meio de evitar a repetição da grande coalizão e favorecer uma aliança entre conservadores e liberais.
Também contribuiu o fato de
que, na mentalidade do eleitorado, o FDP não está vinculado
à atual crise financeira.
Os números mostram que
não só o FDP, mas os demais
partidos menores -Verdes e A
Esquerda- também cresceram
nessa eleição, em detrimento
das legendas tradicionais. A Esquerda, criado em 2007, chegou a ultrapassar os Verdes.
Isso, aliado à pequena margem de vantagem da aliança
CDU-FDP, faz com que sejam
improváveis mudanças radicais em termos de política econômica e social no país.
A CDU fez campanha prometendo vagamente um corte de
impostos, mas terá o desafio de
equilibrar o orçamento e diminuir o deficit estimado em 6%
do PIB em 2010, depois que
81 bilhões foram gastos em pacotes de estímulo econômico.
Dietmar Herz, professor da
Universidade Erfurt, prevê
mais fragmentação e polarização políticas, que podem impedir o avanço de medidas e, no
médio prazo, pôr em risco a nova coalizão. "Haverá uma oposição mais forte que antes. O
SPD terá de se reorganizar e
deve se deslocar à esquerda.
Governar a Alemanha será
mais difícil", avalia.
A jornalista CAROLINA VILA-NOVA viajou a
convite do Ministério das Relações Exteriores
alemão
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