|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Socialistas ganham eleição portuguesa marcada pela crise
José Sócrates deve ser reeleito premiê, mas sem a maioria absoluta no Parlamento que obtivera nas eleições de 2005
Índice de abstenção fica em 39,5%, recorde no país desde sua redemocratização, em 1974; social-democratas obtiveram 29% dos votos
DA REDAÇÃO
O Partido Socialista (PS), do
premiê José Sócrates, sagrou-se vencedor das eleições legislativas portuguesas de ontem,
enquanto o país luta contra os
efeitos da crise econômica global e contra a maior taxa de desemprego dos últimos 22 anos.
Com 98% das urnas apuradas, o PS (centro-esquerda) tinha 36,5% dos votos, contra
29% de seu principal opositor,
o Partido Social-Democrata
(centro-direita), da candidata
Manuela Ferreira Leite.
"O povo [português] falou
bem claro. (...) [O PS conseguiu]
uma extraordinária vitória eleitoral e confiança renovada em
circunstâncias muito difíceis e
exigentes", disse ontem o premiê reeleito José Sócrates, 52,
no seu escritório de campanha.
Leite reconheceu a derrota,
dizendo que fará uma oposição
"responsável e exigente".
O Partido Popular (CDS-PP)
obteve 10,4% dos votos, e o Bloco de Esquerda (BE), 9,7% -resultado significativo para o BE,
em comparação aos 6,3% que
conquistou em 2005.
A abstenção encostava nos
40% -o voto é facultativo-, recorde em Portugal desde a redemocratização do país, em
1974. Esse índice foi de 35% no
pleito de 2005, quando o partido de Sócrates obteve a maioria
absoluta no Parlamento.
Desafios
Nesta eleição, as projeções da
mídia portuguesa indicavam
que o PS deve ocupar entre 99 e
106 das 230 cadeiras do Poder
Legislativo, o que pode forçá-lo
a montar coalizões com partidos menores ou governar como
minoria.
Segundo a divisão de poderes
do país, o premiê (chefe de governo) responde por reformas
estruturais; já o presidente
(atualmente Aníbal Cavaco Silva, centro-direita) é o chefe de
Estado, que pode vetar leis e
dissolver o Parlamento.
Reeleito, Sócrates terá de enfrentar a deterioração econômica de Portugal, cujo índice de
desemprego supera os 9% e cujo PIB caiu 3,7% no segundo
trimestre do ano, em relação ao
mesmo período em 2008.
O país segue sendo o mais pobre da Europa ocidental, com
baixos índices de educação e
produtividade em relação à
União Europeia (bloco ao qual
se uniu em 1986).
Sócrates destacou em sua
campanha os tradicionais princípios de esquerda, na tentativa
de recuperar os eleitores que
rejeitaram seu partido nas recentes eleições do Parlamento
Europeu. O premiê prometeu
dar continuidade a reformas
que reduzam gastos supérfluos
estatais e, ao mesmo tempo, investir fortemente em infraestrutura -incluindo 5 bilhões
em um novo aeroporto de Lisboa e 3 bilhões num trem-bala que vá de Porto a Madri.
Uma das bandeiras defendidas
pelo premiê era a aproximação
com a Espanha.
Em contrapartida, a perda da
maioria absoluta no Parlamento dificultará a repetição de reformas mais ousadas, como a
da Previdência, que o premiê
levou a cabo em seu primeiro
mandato.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Análise: Exclusão temática marca eleição Próximo Texto: Frase Índice
|