São Paulo, segunda-feira, 28 de setembro de 2009

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Socialistas ganham eleição portuguesa marcada pela crise

José Sócrates deve ser reeleito premiê, mas sem a maioria absoluta no Parlamento que obtivera nas eleições de 2005

Índice de abstenção fica em 39,5%, recorde no país desde sua redemocratização, em 1974; social-democratas obtiveram 29% dos votos


DA REDAÇÃO

O Partido Socialista (PS), do premiê José Sócrates, sagrou-se vencedor das eleições legislativas portuguesas de ontem, enquanto o país luta contra os efeitos da crise econômica global e contra a maior taxa de desemprego dos últimos 22 anos.
Com 98% das urnas apuradas, o PS (centro-esquerda) tinha 36,5% dos votos, contra 29% de seu principal opositor, o Partido Social-Democrata (centro-direita), da candidata Manuela Ferreira Leite.
"O povo [português] falou bem claro. (...) [O PS conseguiu] uma extraordinária vitória eleitoral e confiança renovada em circunstâncias muito difíceis e exigentes", disse ontem o premiê reeleito José Sócrates, 52, no seu escritório de campanha.
Leite reconheceu a derrota, dizendo que fará uma oposição "responsável e exigente".
O Partido Popular (CDS-PP) obteve 10,4% dos votos, e o Bloco de Esquerda (BE), 9,7% -resultado significativo para o BE, em comparação aos 6,3% que conquistou em 2005.
A abstenção encostava nos 40% -o voto é facultativo-, recorde em Portugal desde a redemocratização do país, em 1974. Esse índice foi de 35% no pleito de 2005, quando o partido de Sócrates obteve a maioria absoluta no Parlamento.

Desafios
Nesta eleição, as projeções da mídia portuguesa indicavam que o PS deve ocupar entre 99 e 106 das 230 cadeiras do Poder Legislativo, o que pode forçá-lo a montar coalizões com partidos menores ou governar como minoria.
Segundo a divisão de poderes do país, o premiê (chefe de governo) responde por reformas estruturais; já o presidente (atualmente Aníbal Cavaco Silva, centro-direita) é o chefe de Estado, que pode vetar leis e dissolver o Parlamento.
Reeleito, Sócrates terá de enfrentar a deterioração econômica de Portugal, cujo índice de desemprego supera os 9% e cujo PIB caiu 3,7% no segundo trimestre do ano, em relação ao mesmo período em 2008.
O país segue sendo o mais pobre da Europa ocidental, com baixos índices de educação e produtividade em relação à União Europeia (bloco ao qual se uniu em 1986).
Sócrates destacou em sua campanha os tradicionais princípios de esquerda, na tentativa de recuperar os eleitores que rejeitaram seu partido nas recentes eleições do Parlamento Europeu. O premiê prometeu dar continuidade a reformas que reduzam gastos supérfluos estatais e, ao mesmo tempo, investir fortemente em infraestrutura -incluindo 5 bilhões em um novo aeroporto de Lisboa e 3 bilhões num trem-bala que vá de Porto a Madri. Uma das bandeiras defendidas pelo premiê era a aproximação com a Espanha.
Em contrapartida, a perda da maioria absoluta no Parlamento dificultará a repetição de reformas mais ousadas, como a da Previdência, que o premiê levou a cabo em seu primeiro mandato.

Com agências internacionais



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