|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IMPASSE
País vai tentar acordo com membros da ONU
França se opõe aos EUA e acena com resolução própria sobre Iraque
DA REDAÇÃO
Numa grande guinada diplomática em relação aos Estados
Unidos, a França anunciou ontem que poderá encaminhar formalmente a sua própria resolução
sobre o desarmamento do Iraque
ao Conselho de Segurança das
Nações Unidas. O anúncio ocorreu um dia após a declaração de
que esta semana seria "decisiva"
para definir o caso iraquiano, feita
no sábado pelo secretário de Estado dos EUA, Colin Powell.
Em entrevista a uma rádio, o
ministro das Relações Exteriores
da França, Dominique de Villepin, enfatizou que o país usaria o
esboço de resolução formalmente
apresentado na quarta-feira ao
Conselho de Segurança pelos
EUA como base para um acordo
entre os membros do conselho.
Porém, caso não se chegue a um
consenso em torno do documento norte-americano -criticado
tanto pela França quanto pela
Rússia-, os franceses apresentariam uma resolução alternativa.
"Vamos trabalhar com os norte-americanos a partir do texto
apresentado por eles; se não chegarmos a um acordo, obviamente
encaminharemos nosso próprio
documento", disse Villepin.
O ministro francês acrescentou
estar convencido de que, "se cada
um se concentrar no principal objetivo -desarmamento e retorno
dos inspetores-, há uma grande
chance de conseguirmos uma votação unânime no Conselho de
Segurança da ONU".
"Fomos bastante claros sobre a
necessidade de adotarmos uma
resolução dura. Não recuaremos
de modo algum", rebateu um alto
funcionário dos EUA ligado a Colin Powell, secretário de Estado.
Os EUA pressionaram por uma
rápida aprovação do documento.
Diplomatas norte-americanos
acrescentaram que a Casa Branca
não está disposta a considerar
grandes mudanças no esboço da
resolução e que Washington não
pretende discutir nenhum outro
documento.
França e Rússia responderam
apresentando textos "informais",
que não são considerados documentos oficiais pela ONU. Os dois
países declararam que a resolução
dos EUA é muito ambígua e que,
por isso, poderia dar aos norte-americanos um grande espaço
para avançar em direção à guerra.
Entretanto, no início da semana
passada, funcionários franceses
haviam assegurado aos EUA que
eles não tinham a intenção de encaminhar formalmente um texto
próprio. Segundo fontes diplomáticas, o chefe dos inspetores de
armas para o Iraque, Hans Blix,
poderia ser a chave para resolver
as diferenças entre os membros
do Conselho de Segurança. Blix se
apresenta hoje ao conselho.
No momento, os cinco membros permanentes do conselho
(EUA, China, França, Reino Unido e Rússia) estão divididos em
relação à proposta de reforçar os
poderes dos inspetores de armas e
ameaçar o Iraque com uma intervenção militar, caso o ditador
Saddam Hussein não coopere.
Embora poucos diplomatas
acreditem que França, Rússia e
China consigam vetar a proposta
anglo-americana, o texto necessita de nove votos a favor para ser
aprovado. Até agora os dez membros não-permanentes tiveram
poucas oportunidades de participar das negociações. Esses países-membros poderiam ser persuadidos por Blix.
O inspetor de armas da ONU
reuniu-se neste ano com várias
autoridades iraquianas. O último
encontro ocorreu em Viena há
quatro semanas, quando Blix esteve com o conselheiro do presidente Saddam Hussein, Amir el
Sadi, e costurou um acordo para
começar a trabalhar no Iraque.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Aumentam críticas a Putin por ação russa Próximo Texto: Panorâmica - Argentina: Pesquisa coloca Menem em segundo lugar Índice
|