São Paulo, sábado, 28 de outubro de 2006

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Irã duplica o enriquecimento de urânio

Regime muçulmano anuncia operação de bateria de 164 centrífugas; EUA realizarão exercício militar no golfo Pérsico

Teerã amplia capacidade de produzir combustível, mas está ainda longe de atingir o enriquecimento capaz de detonar a primeira bomba

DA REDAÇÃO

O Irã anunciou ontem que estava colocando em funcionamento uma segunda bateria de centrífugas, numa indicação de que está prestes a duplicar sua capacidade de enriquecimento de urânio e ignorando as sanções que o Conselho de Segurança poderá adotar contra seu programa nuclear.
O anúncio foi feito pela agência de notícias oficial ISNA. Ela disse que a nova bateria foi instalada há duas semanas e que já foi carregada com o gás que permite seu funcionamento.
Em Washington, o presidente George W. Bush afirmou que a comunidade internacional deve redobrar seus esforços para evitar que o Irã chegue a possuir a bomba atômica: "A idéia de que aquele país tenha uma arma nuclear é inaceitável".
A França afirmou que o regime iraniano "emitiu um sinal negativo" à ONU, onde os embaixadores francês e britânico redigem a minuta de uma resolução, com a ajuda da Alemanha. Em Londres, um porta-voz disse que o assunto deve ser investigado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Contrariamente à Coréia do Norte, o Irã ainda mantém a parte visível de seus equipamentos sob o regime de inspeções internacionais.
Ainda ontem, o chefe das negociações iranianas, Ali Larijani, ameaçou suspender as inspeções caso seu país seja punido pela ONU. Teerã tira partido da divisão entre os membros permanentes do CS. A Rússia, que tem um ambicioso programa de investimentos no Irã, ameaçou vetar a primeira versão do texto -que impunha um embargo apenas às importações iranianas de material nuclear e reconhecia, como exceção, a tecnologia que Moscou fornece à central nuclear de Bouchehr sem fins militares.
O país produziu em fevereiro a primeira porção de urânio enriquecido, a partir da bateria de 164 centrífugas. O resultado foi modesto: o combustível foi enriquecido a 4,5%, quando para usinas termonucleares é preciso chegar a 5% e, para a bomba, a 90%. A segunda bateria também tem 164 centrífugas.

Manobra militar
Nesta segunda, os EUA e cinco países devem realizar exercícios militares no golfo Pérsico. "Pelo noticiário iraniano, soubemos que o exercício chamou atenção [de Teerã]", disse Robert Joseph, subsecretário de Estado para controle de armas e segurança internacional.
O exercício americano -o primeiro a contar com um país árabe, o Bahrein- simulará a interceptação de um carregamento de peças para armas proibidas e visa estimular a cooperação em ações de fiscalização. Participam também da manobra Reino Unido, França, Itália e Austrália.


Com agências internacionais


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