São Paulo, sábado, 28 de outubro de 2006

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análise

Bloqueio de sanções quebra o jogo unitário

DO "LE MONDE"

As negociações apenas começaram. Mas a rejeição pela Rússia do projeto de resolução preparado pelos três grandes países europeus (França, Reino Unido e Alemanha) ilustra a dificuldade enfrentada pela comunidade internacional para chegar a um acordo sobre o Irã.
Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança e mais a Alemanha são unânimes sobre o fato de que é preciso impedir que o Irã fabrique a bomba. Mas não se unem quando se trata de definir de que maneira alcançar essa meta.
Os três europeus queriam que os iranianos respeitassem o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, do qual são signatários. Era um modo de obter garantias de que o programa nuclear não seria desviado para fins militares.
Mesmo insistindo em suas intenções pacíficas, o regime iraniano recusou ofertas de cooperação da Rússia, dos europeus, dos Estados Unidos e da China. Optou por acelerar o programa de enriquecimento de urânio. Os seis países envolvidos decidiram então levar a questão ao Conselho de Segurança e ameaçam o Irã de sanções.
Elas só atingiriam a importação de tecnologias relacionadas à atividade nuclear.
A Rússia ameaçou vetar. Seria ingênuo imaginar que Moscou aceitasse a proposta, sem tentar propor qualquer emenda. Negociações intermináveis e barganhas fazem parte da rotina da ONU.
Desde o início, os europeus deram prioridade à unidade da comunidade internacional para impressionar os iranianos. Essa unidade deveria encontrar um equilíbrio entre a vontade norte-americana de impor sanções e a reticência da Rússia (e da China). O problema é que o Irã se aproveita dessa demora para desafiar toda forma de controle internacional e continuar desenvolvendo seu programa nuclear, apostando nas cisões do Conselho de Segurança. Moscou e Pequim parecem provar que Teerã tem razão.


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