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Na reta final das eleições, EUA miram gays e negros
Bush ataca união homossexual; abstenção de afro-americanos assombra democratas
Decisão judicial favorável
a casamento gay alavanca
última cartada republicana para reverter desvantagem na disputa pelo Congresso
DA REDAÇÃO
As minorias poderão decidir,
cada uma a seu modo, as acirradas eleições legislativas do próximo dia 7 de novembro nos Estados Unidos. Acuado pela possibilidade cada vez mais concreta de perder a maioria no
Congresso, o Partido Republicano do presidente George W.
Bush decidiu concentrar seu
último esforço de campanha na
oposição ao casamento gay,
usando como alavanca a decisão emitida na última quarta-feira pelo Supremo de Nova
Jersey, que aprova a união civil
de pessoas do mesmo sexo.
Ao mesmo tempo, o índice de
votação de uma outra minoria
preocupa os democratas, que
consideram o voto da população negra crucial para um bom
desempenho nas urnas. Os estrategistas democratas temem
que o eleitorado negro, desiludido com as irregularidades cometidas em pleitos anteriores,
não vote em grande número.
""A noção na esfera pública de
que as eleições são roubadas é
tão grande que estamos tendo
que fazer um esforço especial
este ano para mudá-la", disse
Donna Brazile, estrategista política democrata, ao "New York
Times". Esta é a primeira eleição em que o Partido Democrata está mobilizando advogados
e fiscais para coibir irregularidades observadas em pleitos
anteriores, incluindo a supressão do voto negro, disse Brazile.
A preocupação democrata
tem base em números. Segundo um estudo do Pew Research
Center, organização independente com base em Washington, o descrédito do sistema político entre os negros dobrou
nos últimos dois anos: 29% não
acreditam que seu voto será registrado de forma lícita, índice
quase três vezes maior do que
entre eleitores brancos (8%).
A desilusão, afirmam especialistas, é resultado dos problemas ocorridos nas eleições
de 2000 e 2004 e uma reação às
leis de registro e identificação
de eleitores aprovadas nos últimos dois anos. As longas filas, a
escassez de monitores e os panfletos com desinformação que
circularam em áreas de baixa
renda na eleição de 2004 tiveram um efeito corrosivo na motivação dos negros para votar.
As recentes pesquisas, que
dão uma vantagem de 11 pontos
aos democratas, indicam que a
revolta do eleitorado mais humilde com o atual governo pode superar esse descrédito. Mas
ele continua forte. Saleemah
Affoul, eleitora negra do estado
da Virginia, por exemplo, está
convencida de que seu voto, ele
será distorcido.
"Acho de verdade que o sistema é fraudulento", diz ela.
"Mas vou votar de qualquer
maneira. Meus antepassados
trabalharam duro para eu ter
esse direito."
Última cartada
Do lado republicano, a última
cartada da campanha é a dos temas morais, tão caros ao eleitorado conservador. Anteontem,
o presidente Bush deu o tom da
ofensiva, ao criticar a união entre pessoas do mesmo sexo.
Outros políticos republicanos
seguiram o mesmo caminho.
"Os temas sociais e morais
voltaram a ter importância",
disse ao jornal londrino "Independent" o especialista em
eleições Scott Keeter, diretor
de pesquisa do Pew Center. "A
Guerra do Iraque tinha tirado o
foco dos temas sociais que os
conservadores religiosos queriam enfatizar. A decisão [do
Supremo de Nova Jersey] pelo
menos lhes dá um novo gancho
para reiniciar a discussão."
Só as urnas mostrarão em
que medida os republicanos
conseguiram desviar o foco da
Guerra do Iraque, mas a volta à
discussão pública do polêmico
projeto de tornar legais as
uniões civis entre pessoas do
mesmo sexo já se converteu em
arma de campanha para a Casa
Branca, que tenta virar o jogo
estimulando seus eleitores
evangélicos a comparecerem às
urnas no dia 7. O índice de votação nos dois eleitorados é considerado crucial para definir o
resultado da votação.
Com agências internacionais
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