São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2008

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Síria qualifica incursão dos EUA de "terrorismo"

Regime de Damasco diz que ação matou oito civis; Iraque afirma serem insurgentes

Pentágono não comenta a participação de helicópteros na operação; vídeo amador visto pela Associated Press confirma ação de aeronaves

DA REDAÇÃO

O governo sírio acusou ontem os EUA de "agressão terrorista" em razão da incursão militar que matou, no domingo, oito supostos civis. Os porta-vozes do Pentágono e da Casa Branca recusaram-se a confirmar que a operação tenha ocorrido. Mas fontes militares de veículos como "New York Times", "CNN" e Associated Press confirmaram a ação, sob condição de anonimato, sem darem mais detalhes.
A reação de Damasco partiu de seu ministro das Relações Exteriores, Walid al Moualem, que se encontra em Londres. "Os americanos agiram à luz do dia, o que indica que nada aconteceu por engano", afirmou.
A Associated Press diz ter assistido a um vídeo amador no qual moradores de Abu Kamal, cidade síria localizada a 8 km da fronteira com o Iraque, saem às ruas e apontam temerosos na direção de quatro helicópteros americanos que se aproximam para aterrissar.
A agência oficial síria, a Sana, entrevistou uma sobrevivente, Souad al Jasim, que acusou os soldados americanos de terem atirado na tenda de tecido em que sua família estava escondida. Seu marido foi morto, e um de seus filhos, ferido.

Fronteira porosa
O porta-voz do governo do Iraque Ali al Dabbagh afirmou que a operação foi lançada "contra grupos terroristas baseados na Síria" e que atravessam a fronteira para suas incursões. Esses insurgentes, disse ainda, foram responsáveis pelo recente assassinato de 13 policiais iraquianos numa cidade fronteiriça.
Sem confirmar a ação, o general americano John Kelly disse que os serviços de inteligência do Iraque identificaram membros da Al Qaeda e de outros grupos radicais em território sírio. "Eles cruzam periodicamente a fronteira", afirmou.
O Pentágono acusa a Síria de abrigar insurgentes que desestabilizam as posições americanas no Iraque. O regime de Damasco nega e argumenta que os militares americanos criaram no Iraque problemas que agora os atingem diretamente.
As relações entre Damasco e Washington permanecem congeladas, e gestos bilaterais, como o encontro recente em Nova York de Moualem e Condoleezza Rice, a secretária de Estado americana, não permitiram resultados concretos.
Isso apesar de o governo americano ter recebido positivamente a disposição da Síria de negociar com Israel, sob intermediação da Turquia. Mas, a exemplo do governo israelense, os Estados Unidos criticam a Síria por sua proximidade com o Irã, pelo apoio que ela dá ao Hizbollah e ao Hamas -ambos grupos radicais islâmicos- no Líbano e em territórios controlados por palestinos.
A França e o Reino Unido se reaproximaram recentemente da Síria: ao retirá-la do isolamento, estariam contribuindo para a paz regional. O governo francês ontem protestou contra a operação americana.

Com agências internacionais



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