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Síria qualifica incursão dos EUA de "terrorismo"
Regime de Damasco diz que ação matou oito civis; Iraque afirma serem insurgentes
Pentágono não comenta a
participação de helicópteros
na operação; vídeo amador
visto pela Associated Press
confirma ação de aeronaves
DA REDAÇÃO
O governo sírio acusou ontem os EUA de "agressão terrorista" em razão da incursão militar que matou, no domingo,
oito supostos civis. Os porta-vozes do Pentágono e da Casa
Branca recusaram-se a confirmar que a operação tenha ocorrido. Mas fontes militares de
veículos como "New York Times", "CNN" e Associated
Press confirmaram a ação, sob
condição de anonimato, sem
darem mais detalhes.
A reação de Damasco partiu
de seu ministro das Relações
Exteriores, Walid al Moualem,
que se encontra em Londres.
"Os americanos agiram à luz do
dia, o que indica que nada aconteceu por engano", afirmou.
A Associated Press diz ter assistido a um vídeo amador no
qual moradores de Abu Kamal,
cidade síria localizada a 8 km da
fronteira com o Iraque, saem às
ruas e apontam temerosos na
direção de quatro helicópteros
americanos que se aproximam
para aterrissar.
A agência oficial síria, a Sana,
entrevistou uma sobrevivente,
Souad al Jasim, que acusou os
soldados americanos de terem
atirado na tenda de tecido em
que sua família estava escondida. Seu marido foi morto, e um
de seus filhos, ferido.
Fronteira porosa
O porta-voz do governo do
Iraque Ali al Dabbagh afirmou
que a operação foi lançada
"contra grupos terroristas baseados na Síria" e que atravessam a fronteira para suas incursões. Esses insurgentes, disse
ainda, foram responsáveis pelo
recente assassinato de 13 policiais iraquianos numa cidade
fronteiriça.
Sem confirmar a ação, o general americano John Kelly
disse que os serviços de inteligência do Iraque identificaram
membros da Al Qaeda e de outros grupos radicais em território sírio. "Eles cruzam periodicamente a fronteira", afirmou.
O Pentágono acusa a Síria de
abrigar insurgentes que desestabilizam as posições americanas no Iraque. O regime de Damasco nega e argumenta que os
militares americanos criaram
no Iraque problemas que agora
os atingem diretamente.
As relações entre Damasco e
Washington permanecem congeladas, e gestos bilaterais, como o encontro recente em Nova York de Moualem e Condoleezza Rice, a secretária de Estado americana, não permitiram resultados concretos.
Isso apesar de o governo
americano ter recebido positivamente a disposição da Síria
de negociar com Israel, sob intermediação da Turquia. Mas, a
exemplo do governo israelense,
os Estados Unidos criticam a
Síria por sua proximidade com
o Irã, pelo apoio que ela dá ao
Hizbollah e ao Hamas -ambos
grupos radicais islâmicos- no
Líbano e em territórios controlados por palestinos.
A França e o Reino Unido se
reaproximaram recentemente
da Síria: ao retirá-la do isolamento, estariam contribuindo
para a paz regional. O governo
francês ontem protestou contra a operação americana.
Com agências internacionais
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