Texto Anterior | Índice
Opositora vê "corrida de obstáculos"
DA REDAÇÃO
Para a presidente da Fedecámaras, Albis Muñoz, 56, o Conselho
Nacional Eleitoral (CNE) está
criando "uma corrida de obstáculos" para atrapalhar a oposição na
sua campanha para tirar o presidente venezuelano, Hugo Chávez.
Sua entidade concentra a elite empresarial do país e liderou a greve
geral que durou de dezembro de
2002 a fevereiro de 2003.
Em entrevista à Folha, a empresária criticou o Grupo de Amigos
da Venezuela (Brasil, EUA, México, Chile, Portugal e Espanha),
criado no início do ano por iniciativa de Luiz Inácio Lula da Silva,
mas elogiou o "equilíbrio" do presidente brasileiro
(FM).
Folha - O governo Chávez foi eleito democraticamente. Por que a
oposição insiste em tirá-lo antes do
fim de seu mandato?
Albis Muñoz - Porque o exercício
não tem sido democrático. A melhor prova é o problema existente
com os outros Poderes públicos.
Não existe independência nos Poderes públicos, o que é um índice
do grau de independência de um
país. Vemos como a Assembléia
Nacional, como o Supremo Tribunal e mesmo o CNE estão submetidos à vontade de apenas um
Poder, o Executivo. E nós vemos
pelas próprias cifras oficiais como
a pobreza no país tem crescido.
Folha - A sra. acredita que os processos de coleta para referendos
possam iniciar um novo ciclo de
violência na Venezuela?
Muñoz - Não, acredito que, desta
vez, apesar dos vários problemas
do país, está sendo utilizado um
instrumento democrático, contemplado na Constituição, que
prevê a possibilidade de revogar o
mandato de quem foi eleito pela
população.
Folha - A sra. crê que o Conselho
Nacional Eleitoral (CNE) terá uma
atuação independente?
Muñoz - As decisões do CNE têm
sido muito polêmicas porque as
regulamentações que eles estão
elaborando parecem uma corrida
de obstáculos para entorpecer o
processo. No entanto o país inteiro está disposto a cumprir essas
normas fixadas pelo CNE.
Folha - Como tem sido a atuação
do Grupo de Amigos da Venezuela?
Muñoz - Até agora, não vimos a
participação do Grupo de Amigos
e esperávamos que enviassem ao
menos seus observadores. Nesta
oportunidade, infelizmente não
aconteceu.
Folha - Como a sra. avalia a política externa brasileira com relação à
Venezuela?
Muñoz - Até agora temos visto
uma posição muito equilibrada
do presidente Lula, ao contrário
das expectativas criadas com relação à parte ideológica.
Folha - A oposição a Chávez não
dispõe de nomes fortes. A sra. não
crê que isso seja um problema?
Muñoz - As pesquisas mostram
que a oposição tem a maioria.
Ainda que não exista apenas uma
cabeça, não significa que não temos lideranças no país. No momento necessário, teremos uma
decisão unitária.
Texto Anterior: Venezuela: Oposição inicia hoje campanha anti-Chávez Índice
|