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São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 2003

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Opositora vê "corrida de obstáculos"

DA REDAÇÃO

Para a presidente da Fedecámaras, Albis Muñoz, 56, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) está criando "uma corrida de obstáculos" para atrapalhar a oposição na sua campanha para tirar o presidente venezuelano, Hugo Chávez. Sua entidade concentra a elite empresarial do país e liderou a greve geral que durou de dezembro de 2002 a fevereiro de 2003.
Em entrevista à Folha, a empresária criticou o Grupo de Amigos da Venezuela (Brasil, EUA, México, Chile, Portugal e Espanha), criado no início do ano por iniciativa de Luiz Inácio Lula da Silva, mas elogiou o "equilíbrio" do presidente brasileiro (FM).
 

Folha - O governo Chávez foi eleito democraticamente. Por que a oposição insiste em tirá-lo antes do fim de seu mandato?
Albis Muñoz -
Porque o exercício não tem sido democrático. A melhor prova é o problema existente com os outros Poderes públicos. Não existe independência nos Poderes públicos, o que é um índice do grau de independência de um país. Vemos como a Assembléia Nacional, como o Supremo Tribunal e mesmo o CNE estão submetidos à vontade de apenas um Poder, o Executivo. E nós vemos pelas próprias cifras oficiais como a pobreza no país tem crescido.

Folha - A sra. acredita que os processos de coleta para referendos possam iniciar um novo ciclo de violência na Venezuela?
Muñoz -
Não, acredito que, desta vez, apesar dos vários problemas do país, está sendo utilizado um instrumento democrático, contemplado na Constituição, que prevê a possibilidade de revogar o mandato de quem foi eleito pela população.

Folha - A sra. crê que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) terá uma atuação independente?
Muñoz -
As decisões do CNE têm sido muito polêmicas porque as regulamentações que eles estão elaborando parecem uma corrida de obstáculos para entorpecer o processo. No entanto o país inteiro está disposto a cumprir essas normas fixadas pelo CNE.

Folha - Como tem sido a atuação do Grupo de Amigos da Venezuela?
Muñoz -
Até agora, não vimos a participação do Grupo de Amigos e esperávamos que enviassem ao menos seus observadores. Nesta oportunidade, infelizmente não aconteceu.

Folha - Como a sra. avalia a política externa brasileira com relação à Venezuela?
Muñoz -
Até agora temos visto uma posição muito equilibrada do presidente Lula, ao contrário das expectativas criadas com relação à parte ideológica.

Folha - A oposição a Chávez não dispõe de nomes fortes. A sra. não crê que isso seja um problema?
Muñoz -
As pesquisas mostram que a oposição tem a maioria. Ainda que não exista apenas uma cabeça, não significa que não temos lideranças no país. No momento necessário, teremos uma decisão unitária.


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