São Paulo, domingo, 28 de novembro de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Pacto Nacional Iraquiano, de Allawi, assina carta que pede mais seis meses para realização da votação

Partido de premiê apóia atraso na eleição

DA REDAÇÃO

O Pacto Nacional Iraquiano, partido do premiê interino Iyad Allawi, engrossou ontem o grupo de 17 partidos que na véspera pedira o adiamento da eleição geral no país, prevista para o próximo dia 30 de janeiro.
Representantes do partido do premiê já haviam acompanhado anteontem a reunião em que grupos políticos liderados pelo sunita Adnan Pachachi assinaram uma petição pelo atraso na votação por ao menos seis meses por falta de segurança e infra-estrutura no país. Entretanto, o PNI não havia dado aval ao documento.
Até a conclusão desta edição, não estava claro se a decisão da sigla de Allawi de defender o adiamento das eleições fora tomada com anuência do premiê ou em sua revelia -seu gabinete não comentou especificamente o caso, mas repetiu o discurso dos últimos dias: "O primeiro-ministro não está convencido de que um adiamento da votação fará aumentar a participação [eleitoral]", afirmou um porta-voz.
O governo interino, incluindo o próprio Allawi, tem dito repetidamente que está determinado a realizar o pleito dentro do cronograma e que conseguirá controlar a insurgência em tempo. A Casa Branca apóia essa posição.
O anúncio da entrada do PNI na petição foi feito ontem por Pachachi. Questionado se a notícia significava adesão do premiê à mudança na agenda eleitoral, o líder sunita interpretou as ações do chefe de governo: "Como primeiro-ministro, o dr. Allawi precisa estar comprometido com a Constituição interina e as resoluções do Conselho de Segurança [da ONU]. Como líder de um partido político, ele é livre para assumir outras posições".
Além do grupo do premiê, também assinam a petição os três principais partidos políticos sunitas e as duas mais importantes siglas curdas -por trás do discurso de falta de segurança para a votação, esses partidos também querem ganhar tempo para ampliar seus apoios políticos, pois temem que a eleição seja dominada pelos grupos xiitas, corrente islâmica que responde por 60% da população. Os sunitas são 20%.
O grande aiatolá Ali al Sistani, mais influente imã xiita iraquiano, é o principal defensor da eleição nacional em janeiro. Abdul Aziz al Hakim, líder do Conselho Supremo para a Revolução Islâmica no Iraque, um dos principais partidos xiitas, declarou que o adiamento significaria uma vitória para a insurgência.
Ainda ontem, o chefe da Comissão Eleitoral Independente disse que seu órgão não tem poder para alterar a data das eleições, mas não descartou o adiamento.
"Legalmente, para ser franco, não temos essa capacidade", afirmou Abdul Hussein Hendawi, chefe da comissão, argumentando comandar um corpo técnico, sem poder sobre questões legislativas, e que qualquer decisão terá de ser discutida com o governo interino, a Assembléia interina, a ONU e os líderes religiosos.
A Constituição interina do Iraque estabelece que as eleições de janeiro devem escolher um novo Parlamento, que indicará um novo governo e supervisionará a redação de uma Carta definitiva.


Com agências internacionais


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