São Paulo, domingo, 28 de novembro de 2004

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Organização de direita quer ONU fora dos EUA

DE NOVA YORK

Um mapa dos EUA, calçado com uma botina na região da Flórida, chuta o símbolo da ONU. Sob esse logotipo nada sutil, uma organização americana começou na última semana a recolher assinaturas para tirar a sede da entidade do país.
"Eles não gostam de nós, então nós não os queremos em nossa casa", disse à Folha Howard Kaloogian, diretor da Move America Forward (leve os EUA para frente, MAF). "Que se mudem para a Europa ou para o Sudão, onde há um genocídio, e eles não fizeram nada para impedir. A ONU não merece gozar da hospitalidade de Nova York. Ouvi dizer que o Brasil é bonito. Por que ela não se muda para lá?", indagou.
A ONU não comenta o abaixo-assinado. "Nós lidamos com governos, e nenhum governo falou sobre isso conosco", disse um porta-voz.
A MAF pretende entregar sua petição ao Congresso americano quando obtiver 1 milhão de assinaturas. Segundo Kaloogian, em quatro dias eles levantaram "dezenas de milhares".
No documento, a MAF diz que a ONU, "embora tenha sido criada para promover a paz, recentemente se tornou útil aos crimes terroristas".
Kaloogian cita a "incompetência" e o "antiamericanismo" da entidade. Mas o fator que detonou a campanha, disse Kaloogian, foi o escândalo envolvendo o Petróleo por Comida. O programa, que vigorou nos 13 anos de sanções contra o regime de Saddam Hussein, visava a ajuda humanitária, mas teve parte da verba desviada pelo governo iraquiano. "É o pior escândalo de corrupção da história", disse Kaloogian.
A MAF pede a revisão do processo de financiamento da ONU, que hoje se baseia no PIB de cada membro. "A fórmula é ruim. Deveria ser por população. Os EUA têm 6% da população mundial, deveriam cobrir 6% do orçamento da ONU."
A MAF nasceu na Califórnia após o início da Guerra do Iraque para apoiar os soldados americanos. Também tentou impedir a exibição do filme "Farenheit 11 de Setembro".
Apesar das reclamações, a MAF não quer que os EUA deixem a ONU. "Não somos isolacionistas", diz Kaloogian. (LC)


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