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Bagdá aprova acordo que permite presença dos EUA até 2011
Texto votado pelo Parlamento vai a referendo em julho; crimes de americanos fora das bases serão julgados no Iraque
Realização de consulta popular foi exigência de sunitas para apoiar acordo; se população rejeitar pacto,
estadia pode ser reduzida
DA REDAÇÃO
A pouco mais de um mês de
expirar o mandato da ONU que
permite a presença militar estrangeira no país, o Parlamento
iraquiano aprovou ontem o
acordo com os EUA que legitima a manutenção do contingente americano, mas fixa, entre outros pontos, sua retirada
até o fim de 2011.
A confortável maioria obtida
na aprovação do texto -149 votos contra 35- foi conseguida
mediante compromisso com
sunitas para a convocação de
um referendo sobre o acordo
até julho de 2009.
A aprovação do pacto culmina um processo de negociações
entre Washington e Bagdá iniciado há nove meses, durante
as quais o acordo esteve em
mais de um momento a ponto
de naufragar. Sua ratificação
depende agora apenas de um
protocolar aval do Conselho
presidencial -formado pelo
presidente e seus dois vices.
O documento, de 18 páginas e
composto por 30 artigos, estabelece diretrizes em um amplo
leque de quesitos para a permanência americana a partir de 1º
de janeiro de 2009.
Além de fixar o dia 31 de dezembro de 2011 como data-limite para a saída definitiva dos
cerca de 150 mil soldados americanos hoje no país, obriga o
Exército dos EUA a retirar-se
das cidades e vilarejos iraquianos até 30 de junho de 2009,
transferindo a responsabilidade pela manutenção da ordem e
da segurança nas ruas a Bagdá.
Um dos principais pontos de
discórdia durante as negociações, a jurisdição a que ficam
submetidos os soldados americanos, terminou com uma concessão parcial de Washington.
Os militares que cometerem
crimes fora de serviço e fora das
bases militares estarão sujeitos
às leis iraquianas, mas ficarão
sob custódia americana.
Operações militares, detenções e buscas em residências só
poderão ser realizadas mediante autorização expressa do governo iraquiano. Os EUA ficarão proibidos também de utilizar o território iraquiano para
realizar ataques a países vizinhos, como o recentemente
desferido contra supostos terroristas em território sírio.
O eventual fracasso do acordo obrigaria Washington a negociar uma prorrogação do
mandato ou manter tropas no
Iraque sem chancela legal.
Costura política
O aval ao texto, cuja legitimidade saiu reforçada pela larga
maioria obtida após dois adiamentos, é também o resultado
de uma engenharia política levada a cabo por Bagdá para obter o apoio da minoria sunita
-dominante durante o regime
do ditador Saddam Hussein e
relegada politicamente após a
invasão americana, em 2003.
Patrocinado pelo premiê, o
xiita Nuri al Maliki, e pelo presidente, o curdo Jalal Talabani,
o acordo só foi aprovado mediante concessões aos sunitas,
inicialmente céticos quanto ao
teor do texto. Entre elas, o referendo em julho, que, se resultar
em rejeição ao pacto, dará início a um processo que pode invalidá-lo em até um ano, segundo o jornal "New York Times".
O aiatolá xiita Ali al Sistani,
maior autoridade religiosa no
Iraque, havia dado apoio implícito ao acordo, desde que aprovado por consenso ou larga
maioria. A oposição ficou por
conta dos partidários do clérigo
radical Moqtada al Sadr, também xiita, que queriam uma retirada americana imediata.
O presidente dos EUA, George W. Bush, parabenizou o Parlamento pela aprovação do texto, que pela primeira vez desde
o início da ocupação, há cinco
anos e oito meses, estabelece
uma data para a retirada americana. "Felicitamos a aprovação
deste acordo histórico que corresponde ao interesse comum e
duradouro dos nossos países."
Com agências internacionais
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