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Sucesso do tratado depende de atuação de Obama, afirma especialista militar
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
O sucesso do acordo aprovado pelo Parlamento iraquiano
ontem dependerá do compromisso do presidente eleito dos
EUA, Barack Obama, com a
promessa de retirar a maior
parte das tropas do Iraque nos
próximos 18 meses, disse à Folha Lawrence Wilkerson.
"Se ele não fizer isso, as chances caem bastante", afirmou o
coronel por e-mail. "Mesmo
com a retirada rápida, as chances são hoje de 50% a 50%."
Wilkerson, 63, é um feroz crítico da invasão do Iraque pelos
EUA. Seu desencanto com a
ação norte-americana fez com
que ele renunciasse do posto de
chefe-de-gabinete do então secretário de Estado dos EUA,
Colin Powell, em 2005, após
três anos no posto. Desde então, sua oposição ao governo de
George W. Bush só aumentou.
O coronel vê o conteúdo do
acordo, que prevê a retirada das
tropas em três anos, com cauteloso otimismo. "Será um bom
acordo se ambos os lados obedecerem suas provisões, mas
isso pode se provar mais difícil
do que o esperado."
Ele é mais cético quanto à
cláusula que prevê que os EUA
deverão entregar à Justiça iraquiana soldados que supostamente cometerem crimes fora
da atuação nas bases do Exército. "Será preciso observar como
o sistema iraquiano lida com
um acontecimento do tipo e, é
claro, como os EUA vão lidar
com a abordagem iraquiana. E
pode acreditar em mim: esses
eventos vão acontecer."
Wilkerson alerta ainda para o
futuro do acordo após as eleições nacionais iraquianas, que
ocorrem no final de 2009 e, segundo ele, "reorganizarão o governo" e a disputa de poder em
Bagdá. "Vamos ter que observar cuidadosamente como essa
reorganização deixará os grupos sunitas, assim como os cada vez mais divididos xiitas.
Além disso, os curdos vão assumir o controle de mais e mais
áreas fora de seu território, o
que pode ser perigoso", afirma.
Após 2011, o governo iraquiano ainda pode negociar em um
acordo separado uma extensão
da permanência das tropas dos
EUA caso creia que o país não
está estabilizado.
Para o coronel da reserva Andrew Bacevich, professor de relações internacionais da Universidade Boston, "o acordo é
menos importante do que muitos analistas afirmam".
"Já sabemos que o papel de
combate dos EUA no Iraque está terminando. A questão real é
saber o que vai acontecer com o
Iraque depois que as tropas saírem", diz.
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