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Ameaça à Amazônia causa divergência na região
CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO
Os militares dos outros sete
países sul-americanos da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica compartilham com os colegas brasileiros
o temor em relação à cobiça estrangeira sobre a floresta, mas
há divergências sobre a natureza dessa ameaça -o que se traduz em ceticismo sobre o papel
de coordenação do Conselho de
Defesa Sul-Americano, proposto pelo Brasil.
Embora a fonte da suposta
cobiça esteja sempre nos EUA e
na Europa, os militares do Peru
-e obviamente os colombianos- não veem risco à soberania regional na presença americana na Colômbia, ao contrário
do que ocorre com venezuelanos e equatorianos.
Enquanto os dois últimos
grupos -e também os brasileiros- trabalham com a possibilidade de invasão da Amazônia
por países ricos que pretenderiam tomar posse das riquezas
naturais, entre colombianos,
peruanos e bolivianos as ameaças mais citadas são a biopirataria e outros crimes transnacionais, como o narcotráfico.
As conclusões são parte de
"Guardiães do Eldorado", estudo feita pela pesquisadora de
temas militares Adriana A.
Marques em pós-doutorado na
FGV do Rio.
"Os colombianos interpretam a parceria com os EUA como meio de fortalecer a soberania nacional. Para eles, é a única maneira de estabelecerem
controle sobre o próprio território", diz Adriana, que entrevistou oficiais estrangeiros da
ativa que estudaram no Centro
de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) do Exército, em Manaus, e comparou textos sobre
o tema em publicações militares dos oito países.
Ela aponta uma unanimidade no rol das desconfianças: as
ONGs estrangeiras, que "manipulariam" a população nativa.
O governo de Hugo Chávez expulsou grupos que atuavam em
sua porção da selva; Equador,
com governo de esquerda, e Peru, com governo conservador,
têm entreveros com a Amazon
Watch, ONG dos EUA que fica
ao lado dos indígenas em disputas sobre recursos naturais.
Outro dado comum: apesar
das várias disputas territoriais
ainda existentes na região, nenhuma envolvendo o Brasil, os
militares em geral não veem os
vizinhos como ameaça.
Eles tampouco citaram Rússia, China, Índia e França, apesar de os russos terem realizado manobras com a Venezuela;
militares chineses e indianos
cooperarem com Guiana e Suriname (ambos com grandes
populações dessas duas origens); e os franceses possuírem
um território ultramarino na
Amazônia e o histórico de relações com as Forças Armadas
brasileiras.
Mesmo no caso de tensão entre governos, como a que envolve Colômbia, Venezuela e
Equador, a posição dos militares pareceu menos confrontacionista à pesquisadora: "Quer
motivados pelo ideal bolivariano de união sul-americana ou
pelo sentido de autopreservação, os militares preferem a
cooperação ao conflito".
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