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Eleição no Egito pavimenta 6ª reeleição de Mubarak
Mais populoso país árabe renova hoje a Câmara baixa de seu Parlamento de olho na sucessão presidencial do próximo ano
DE JERUSALÉM
Não há suspense em torno
da eleição de hoje no Egito,
que renovará a Câmara baixa
do Parlamento.
O governo deverá conquistar uma ampla maioria, pavimentando a reeleição para o
sexto mandato consecutivo
do ditador Hosni Mubarak.
Com o principal grupo de
oposição, a Irmandade Muçulmana, reprimido e na ilegalidade, não há espaço para
surpresas. Mas a eleição pode ser uma prévia do nível de
liberdade que o regime permitirá na eleição presidencial do próximo ano.
A julgar pela campanha,
ele será mínimo. Nesta semana, houve protestos em Alexandria e em outras cidades
contra a desqualificação sumária de candidatos.
No Cairo, membros da Irmandade Muçulmana, que
concorrem como candidatos
independentes devido ao veto ao partido, foram ameaçados por bandos armados e intimidados pela polícia.
O governo rejeitou os apelos para que permitisse monitoramento externo das
eleições, apelos feitos inclusive pelos Estados Unidos,
principal aliado de Mubarak.
Após uma pressão inicial
na campanha de democratização no Oriente Médio pelo
governo Bush após o 11 de Setembro, os EUA voltaram à
política de baixa interferência. Mubarak é considerado
aliado importante na região.
Com ou sem monitoramento, os indícios de fraude
e manipulação eleitoral pelo
regime são uma constante
em eleições no Egito.
O governista Partido Nacional Democrático (PND) jamais deixou de garantir o
controle de pelo menos 2/3
do Parlamento desde a sua
criação, em 1978.
Se isso manteve a estabilidade interna do mais populoso país árabe, também deixou uma dívida quando o assunto é democracia.
Em junho, quando o governo conquistou uma ampla vitória nas eleições para a
câmara alta do Parlamento,
só 30% dos eleitores votaram. Hoje, a previsão é de
que apenas 25% votem.
SUCESSÃO FARAÔNICA
Aos 82 anos, com a saúde
frágil e sem jamais ter nomeado um vice, Mubarak parece querer pavimentar o caminho para uma reeleição
tranquila em 2011.
Embora a Constituição do
Egito defina em seis anos o
mandato presidencial, não
há limite para reeleição.
Desde que Gamal Abdel
Nasser derrubou a monarquia, em 1952, a sucessão no
país só ocorreu com a morte
do presidente. Foi assim com
Nasser, de enfarte em 1970, e
com seu sucessor, Anuar Sadat, assassinado por terroristas islâmicos em 1981.
Mubarak não confirmou
oficialmente se concorrerá,
mas tudo indica que sim.
Com o domínio no Parlamento, que tem a incumbência de
nomear o presidente, ele poderia assegurar também uma
sucessão em família.
A principal aposta no Egito é que ele pretende passar o
trono para o filho Gamal Mubarak, 47, que fez carreira na
área financeira e é um dos líderes do partido governista.
Mas Gamal carece do crucial apoio das Forças Armadas, de onde saíram os três
últimos presidentes egípcios,
e uma "sucessão faraônica"
enfrenta resistências no país.
No fim do ano passado, o
egípcio Mohamad El Baradei, ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica, fez uma volta ruidosa
ao país, declarando-se potencial candidato à sucessão
de Mubarak. Apesar de seu
prestígio internacional, sua
influência ficou limitada até
entre os opositores.
(MN)
Leia entrevista sobre as
eleições egípcias
folha.com.br/mu837052
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