São Paulo, domingo, 28 de novembro de 2010

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Eleição no Egito pavimenta 6ª reeleição de Mubarak

Mais populoso país árabe renova hoje a Câmara baixa de seu Parlamento de olho na sucessão presidencial do próximo ano

DE JERUSALÉM

Não há suspense em torno da eleição de hoje no Egito, que renovará a Câmara baixa do Parlamento.
O governo deverá conquistar uma ampla maioria, pavimentando a reeleição para o sexto mandato consecutivo do ditador Hosni Mubarak.
Com o principal grupo de oposição, a Irmandade Muçulmana, reprimido e na ilegalidade, não há espaço para surpresas. Mas a eleição pode ser uma prévia do nível de liberdade que o regime permitirá na eleição presidencial do próximo ano.
A julgar pela campanha, ele será mínimo. Nesta semana, houve protestos em Alexandria e em outras cidades contra a desqualificação sumária de candidatos. No Cairo, membros da Irmandade Muçulmana, que concorrem como candidatos independentes devido ao veto ao partido, foram ameaçados por bandos armados e intimidados pela polícia.
O governo rejeitou os apelos para que permitisse monitoramento externo das eleições, apelos feitos inclusive pelos Estados Unidos, principal aliado de Mubarak.
Após uma pressão inicial na campanha de democratização no Oriente Médio pelo governo Bush após o 11 de Setembro, os EUA voltaram à política de baixa interferência. Mubarak é considerado aliado importante na região.
Com ou sem monitoramento, os indícios de fraude e manipulação eleitoral pelo regime são uma constante em eleições no Egito.
O governista Partido Nacional Democrático (PND) jamais deixou de garantir o controle de pelo menos 2/3 do Parlamento desde a sua criação, em 1978.
Se isso manteve a estabilidade interna do mais populoso país árabe, também deixou uma dívida quando o assunto é democracia. Em junho, quando o governo conquistou uma ampla vitória nas eleições para a câmara alta do Parlamento, só 30% dos eleitores votaram. Hoje, a previsão é de que apenas 25% votem.

SUCESSÃO FARAÔNICA
Aos 82 anos, com a saúde frágil e sem jamais ter nomeado um vice, Mubarak parece querer pavimentar o caminho para uma reeleição tranquila em 2011.
Embora a Constituição do Egito defina em seis anos o mandato presidencial, não há limite para reeleição.
Desde que Gamal Abdel Nasser derrubou a monarquia, em 1952, a sucessão no país só ocorreu com a morte do presidente. Foi assim com Nasser, de enfarte em 1970, e com seu sucessor, Anuar Sadat, assassinado por terroristas islâmicos em 1981.
Mubarak não confirmou oficialmente se concorrerá, mas tudo indica que sim. Com o domínio no Parlamento, que tem a incumbência de nomear o presidente, ele poderia assegurar também uma sucessão em família.
A principal aposta no Egito é que ele pretende passar o trono para o filho Gamal Mubarak, 47, que fez carreira na área financeira e é um dos líderes do partido governista. Mas Gamal carece do crucial apoio das Forças Armadas, de onde saíram os três últimos presidentes egípcios, e uma "sucessão faraônica" enfrenta resistências no país.
No fim do ano passado, o egípcio Mohamad El Baradei, ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica, fez uma volta ruidosa ao país, declarando-se potencial candidato à sucessão de Mubarak. Apesar de seu prestígio internacional, sua influência ficou limitada até entre os opositores.
(MN)

Leia entrevista sobre as eleições egípcias
folha.com.br/mu837052



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