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TRAGÉDIA NA ÁSIA
Especialistas afirmam que só parte do turismo terá prejuízos, numa área em que a infra-estrutura só foi ligeiramente atingida
Impacto econômico na região será pequeno
JOHN BURTON
DO "FINANCIAL TIMES", EM CINGAPURA
Os maremotos que devastaram
regiões costeiras do sul da Ásia no
domingo são um revés para o setor turístico local, no curto prazo,
mas seu impacto econômico mais
amplo será relativamente pequeno, afirmam os especialistas.
"Se há um ponto positivo no desastre, é o fato de que ele não causou a destruição de quaisquer
grandes instalações industriais ou
portuárias. A maior parte das
áreas afetadas eram marginais em
termos econômicos", disse Song
Seng Wun, economista que cobre
a região para a corretora de valores G. K. Goh, de Cingapura.
Mesmo na zona industrial de
Chennai, no sul da Índia, as instalações portuárias afetadas pelo
tsunami retomaram a maior parte de suas operações já na segunda-feira, mais cedo do que o esperado, de acordo com a agência de
notícias Bloomberg.
Ainda que o epicentro do abalo
sísmico que deflagrou o maremoto fique perto da grande usina de
gás natural liquefeito em Arun, na
ilha indonésia de Sumatra, as instalações aparentemente não sofreram danos, de acordo com executivos da usina.
Os mercados financeiros da região refletiam uma visão cautelosamente otimista na segunda-feira. Embora as ações do setor de
turismo tenham caído, no geral os
mercados mostraram vigor, com
a bolsa tailandesa recuando em
apenas 1,1%, e os mercados de Jacarta e Bombaim registrando alta,
no dia. A Bolsa de Valores de Colombo (Sri Lanka) ficou fechada
como marca de respeito aos milhares de mortos no desastre. As
moedas da região caíram, mas
não de maneira dramática.
"Duvido que esse desastre leve a
cortes nas taxas gerais de crescimento, já que os danos ficaram
confinados em larga medida ao
setor de turismo", disse Hans
Goetti, estrategista de investimento do Citigroup Private Banking,
em Cingapura.
Na Tailândia, onde o setor de
turismo responde por 6% do Produto Interno Bruto (PIB), a destruição causada em Phuket e outros complexos turísticos no sudoeste do país provavelmente terá
apenas impacto de curto prazo
sobre o setor, disse ele.
"Para que o setor tailandês de
turismo viesse a sofrer perdas significativas, seria necessário que os
turistas evitassem toda a Tailândia, pelo ano inteiro, e não acredito que isso seja provável", disse.
De fato, o investimento na reconstrução das instalações turísticas danificadas pode estimular a
economia das áreas mais afetadas, ajudando-as a superar quaisquer perdas de receita causada
pela redução no turismo.
Mesmo que o sul da Tailândia
venha a se recuperar muito lentamente, a região responde por apenas 10% do PIB do país, disse
Song, da G. K. Goh.
Economistas em Bancoc prevêem que as conseqüências da calamidade em termos de turismo
perdido seriam menos sérias do
que as causadas pelo surto de Sars
(síndrome respiratória aguda grave), registrado no ano passado,
quando o número de visitantes
caiu em 7,4%. A Tailândia recebe
12 milhões de turistas por ano.
É provável que o desastre prejudique a retomada do turismo em
Sri Lanka, que registrou recorde
de visitas, com 500 mil turistas no
ano passado, em resposta ao cessar-fogo na guerra de duas décadas entre o governo e os rebeldes
do movimento Tigres do Tamil.
Os transportes entre a capital,
Colombo, e as praias no sul do
país ficaram seriamente prejudicados, e o conserto dos danos pode demorar até um ano.
O turismo é um setor de rápido
crescimento na economia do Sri
Lanka, em um momento em que
a indústria têxtil, principal atividade da ilha, está sob ameaça da
supressão das cotas internacionais, a partir de 1º de janeiro.
As ilhas Maldivas talvez tenham
sofrido sério abalo no setor de turismo, sua principal atividade
econômica, mas a extensão dos
danos não é conhecida, e as informações sobre os danos no arquipélago, que se estende pelo oceano Índico e cujo relevo é praticamente plano, ainda são escassas.
John Koldowski, especialista em
turismo da Associação de Viagens
Ásia Pacífico, sediada em Bancoc,
disse, porém, que o setor regional
de turismo se recuperaria muito
mais rápido do que foi o caso depois dos atentados a bomba em
Bali, em outubro de 2002.
A recuperação estará vinculada
de maneira quase direta ao tempo
que a reconstrução deve demorar
e não será afetada por temores
psicológicos, disse.
"Se os hotéis recolocarem os
quartos em operação e abrirem as
portas, com tudo funcionando,
vai demorar alguns meses, talvez
um ano, para que as coisas voltem
ao normal", disse.
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