São Paulo, terça-feira, 28 de dezembro de 2004

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LESTE EUROPEU

Adversário governista contesta vitória da oposição; para observadores europeus, pleito na Ucrânia foi limpo

Com aval ocidental, Yushchenko é eleito

DA REDAÇÃO

Resultados oficiais da nova votação do segundo turno eleitoral na Ucrânia confirmaram ontem a vitória do líder oposicionista Viktor Yushchenko como novo presidente do país.
Com 99,84% das urnas apuradas, Yushchenko obteve 52,03% dos votos, segundo a Comissão Central Eleitoral. Seu adversário, o atual premiê Viktor Yanukovich, contabilizou 44,16%.
"Agora, hoje, o povo ucraniano venceu. Eu os parabenizo", disse Yushchenko a cerca de 5.000 simpatizantes concentrados na praça da Independência, em Kiev, capital ucraniana. "Fomos independentes por 14 anos, mas não éramos livres. Agora podemos dizer que isso é coisa do passado. Agora estamos encarando uma Ucrânia livre e independente."
Yanukovich, porém, se recusou a reconhecer a derrota na eleição, realizada no último domingo, e disse que questionaria os resultados junto à Suprema Corte.
"Nunca reconhecerei tal derrota, porque a Constituição e os direitos humanos foram violados no nosso país e pessoas morreram", disse Yanukovich, em alusão às supostas mortes de oito eleitores durante o pleito.
O premiê afirmou que sua equipe de campanha recebeu cerca de 5.000 reclamações sobre a condução da votação.
Uma delegação da OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa) que observou o pleito disse, no entanto, que a Ucrânia progrediu e atendeu a padrões eleitorais internacionais.
"É um julgamento coletivo das organizações representadas aqui que as eleições ucranianas moveram-se substancialmente em direção aos padrões internacionais e da OSCE", disse Bruce George, chefe da delegação que enviou 1.370 observadores à Ucrânia.
"Não houve abuso grosseiro de recursos administrativos. As condições da campanha foram mais eqüitativas. Houve menos diferenças na cobertura da mídia. Nossos observadores relataram menos pressão sobre os eleitores. A administração do pleito foi mais transparente e mais justa", detalhou George.
"É nossa opinião que as pessoas deste país deram um grande passo em direção a eleições livres e justas, elegendo seu futuro presidente", acrescentou.
A nova votação ocorreu depois que o segundo turno -que deu vitória ao candidato governista Viktor Yanukovich- foi anulado pela Suprema Corte após considerá-lo fraudado, em meio a uma onda de protestos que levou centenas de milhares de pessoas às ruas do país por vários dias.
As credenciais pró-européias do economista Yushchenko, que já foi premiê e presidente do Banco Central ucraniano, foram destacadas por líderes regionais.
Um dos primeiros a reconhecer a vitória de Yushchenko, o presidente da Polônia, Aleksander Kwasniewski, descreveu o pleito como uma "escolha boa e importante" para as relações entre Ucrânia e Europa.
Em tom similar, o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, elogiou o resultado e descreveu a eleição como "um bom dia para a Ucrânia e a democracia".
O secretário de Estado americano, Colin Powell, classificou a eleição na Ucrânia de "um momento histórico para a democracia". Segundo ele, o povo ucraniano teve a oportunidade de escolher seu próprio governante, em eleições "completas e livres".
Já o presidente russo, Vladimir Putin, que apoiava Yanukovich, não se manifestou.


Com agências internacionais

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