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ANÁLISE
EUA devem apoiar luta pela democracia ucraniana
HILLARY RODHAM CLINTON
ESPECIAL PARA O "FINANCIAL TIMES"
Em Washington , a apenas
18 quarteirões da Casa Branca, existe um monumento a Taras
Shevchenko, o grande poeta e líder nacional ucraniano, construído em uma era em que a Ucrânia
ainda era uma nação cativa. Shevchenko escreveu, certa vez, que
"em sua casa você as encontrará,
verdade, força e liberdade".
Quando visitei a Ucrânia em
novembro de 1997 como primeira-dama dos EUA, me mostraram
um monumento a Shevchenko e,
depois de vê-lo, declarei que não
existe liberdade quando o povo
não pode escolher os seus líderes.
Também visitei um memorial às
vítimas da repressão comunista
em Lviv. Após vê-lo, assumi um
compromisso com o povo ucraniano, em nome do presidente
Bill Clinton: "Em sua luta pela liberdade e pela democracia, o povo dos EUA os apoiará".
Agora, depois de algumas semanas extraordinárias na Ucrânia, o povo ucraniano escolheu
seu novo presidente. Os EUA precisam uma vez mais estar ao lado
dos ucranianos em sua luta pela
verdadeira liberdade e por uma
genuína democracia.
Quando estive na Ucrânia, ouvi
muitas histórias daqueles que sofreram opressão sob o jugo comunista. No entanto, mesmo diante
de horrores indizíveis, o povo
ucraniano não desistiu. Hoje, em
meio à "revolução laranja", os
ucranianos uma vez mais demonstram que não cederão em
seu avanço rumo à democracia e à
liberdade.
Como aprendemos em nosso
país há mais de 200 anos, manter
a democracia é uma luta incessante que devemos enfrentar a cada
dia. Embora os governos possam
colocar em vigor leis que protejam nossas mais caras instituições
e liberdades, isso não basta. É preciso existir uma sociedade civil na
qual os valores democráticos vivam nas mentes e corações do povo, onde as pessoas se ergam em
defesa do que é certo, e onde o domínio da lei, e não o domínio do
crime e da corrupção, prevaleça.
Nas últimas semanas, o povo
ucraniano demonstrou que a
construção dessa sociedade civil
está avançando. A recusa de uma
eleição de resultados claramente
fraudados marca uma momento
de inflexão no desenvolvimento
da sociedade civil no país.
Enquanto os votos são apurados na Ucrânia, EUA e Europa
precisam continuar repetindo
uma mensagem consistente a todos os partidos e candidatos da
Ucrânia e ao povo ucraniano: a de
que o respeito pela democracia e
pelo domínio da lei é um fator
central para determinar as futuras
relações entre o país e o Ocidente.
Se, como esperamos, surgir um
consenso de que a eleição foi livre
e limpa, a resposta norte-americana ao resultado será crítica. Os
EUA deveriam imediatamente
avaliar a disposição do governo
ucraniano de aderir à Organização para o Tratado do Atlântico
Norte (Otan). Os EUA também
deveriam concordar em oferecer
assistência para o país consolidar
o progresso democrático e as reformas econômicas já realizadas.
O mundo testemunhou a manifestação de milhares de ucranianos em Kiev e em todo o país, exigindo o direito de fazer valer seus
votos, e determinados a mapear
seu futuro, um futuro de integração com a Europa e o Ocidente.
Diante da histórica ocasião que
o novo pleito presidencial representa para os ucranianos, os norte-americanos têm por obrigação
prometer que estarão ao lado deles, agora e no futuro.
Hillary Clinton, ex-primeira-dama dos
EUA, é senadora democrata por Nova
York
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