São Paulo, sábado, 29 de janeiro de 2005

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Eleitores iraquianos começam a votar em todo o mundo

MICHEL GAWENDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE AMÃ

Os iraquianos que vivem no exterior começaram ontem a votar em todo o mundo. A segurança foi reforçada nos centros de votação em 14 países, que estarão abertos até amanhã, dia das eleições no Iraque.
O jornalista israelense Shahar Smooha, 33, decidiu votar em Amã (Jordânia). O pai dele nasceu no Iraque e a família foi expulsa do país em 1951, após a guerra de países árabes contra a independência de Israel. Segundo a lei, Smooha pode votar por ser filho de pai iraquiano.
"Vim de Israel votar porque tenho direito e porque me importo com o futuro do Iraque", disse. Ele afirmou que consultou uma especialista em Oriente Médio da Universidade de Tel-Aviv antes de escolher sua opção de voto -a lista Irakiyn, que afirmou ter escolhido por ser "secular, liberal e democrática."
O engenheiro iraquiano Mohamed Ali, 53, está passando férias na Jordânia e aproveitou para votar. "Eu acredito na democracia e na liberdade. Estamos vendo o começo de uma nova era no Iraque", disse, ao lado da mulher e de dois filhos. Xiita, ele não revelou em quem votou, mas afirmou que escolheu uma lista "liberal".
Um cristão que fugiu do Iraque para a Jordânia há sete meses ficou com medo de revelar o voto. "Os rebeldes podem matar minha família no norte do Iraque", disse. Outro iraquiano ouvido pela Folha disse que decidiu votar para "acabar de vez com a memória de Saddam Hussein".
Dez policiais armados com metralhadoras faziam a segurança na porta da escola. Os eleitores passavam por detectores de metal no portão principal. As salas de votação são parecidas com as do Brasil. Há duas mesas para registro e outras duas com cabines de papelão. A urna -uma caixa de plástico duro transparente com lacres nas laterais da tampa - fica em uma terceira mesa.
Segundo a Organização Internacional para a Migração, cerca de 200 mil iraquianos vivem na Jordânia, mas apenas 20.166 se registraram para a eleição. Já dos 1,2 milhão de iraquianos vivendo no exterior com direito ao voto, menos de um quarto (280.303 pessoas) se registrou para votar
No Irã, 75% dos 81 mil eleitores se registraram. Muitos dos eleitores esperando em um local de votação em Teerã disseram que estavam ali por respeito ao aiatolá Ali al Sistani, o principal clérigo xiita do Iraque, que classificou a votação de "dever religioso".
Nos Estados Unidos, cerca de 26 mil iraquianos eram esperados em Detroit, Chicago, Los Angeles, Washington e Nashville.


Com agências internacionais


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