São Paulo, sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

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Brasil propõe "taxa zero" para produtos haitianos

MARIA CRISTINA FRIAS
ENVIADA ESPECIAL A DAVOS (SUÍÇA)

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, propôs ontem que os Estados Unidos flexibilizem as regras para a exportação de produtos fabricados no Haiti. A ideia é incentivar investimentos estrangeiros para a reconstrução do país. Para isso, pretende discutir com o governo americano a liberação de tarifas e cotas para mercadorias feitas no Haiti.
A proposta, pensada para o setor têxtil, já despertou o interesse da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), segundo o ministro, que participa do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
Companhias brasileiras investiriam no Haiti e seus produtos poderiam ser exportados para os Estados Unidos mais facilmente.
As empresas poderiam ser beneficiadas pela "mão de obra relativamente barata do Haiti", disse o chanceler.
Mercadorias feitas por empresas americanas no Haiti, por sua vez, também receberiam o mesmo tratamento do Brasil, garantiu Amorim.
"Para isso, os EUA precisam flexibilizar as regras", disse o ministro, que pretende que a iniciativa para atrair investimentos perdure 15 ou 20 anos.
"É o momento para que todos os países desenvolvidos e todos os países em desenvolvimento que possam fazê-lo ofereçam tarifas zero e cota livre para todos os produtos haitianos com facilidades de regras de origem", afirmou o chanceler brasileiro.
Amorim ofereceu ainda a cooperação brasileira para desenvolver biocombustíveis.
A proposta foi feita em uma sessão especial sobre o Haiti, com a presença do ex-presidente americano Bill Clinton, emissário especial da ONU para o país caribenho.
Clinton, por sua vez, chamou de "magnífica" a atuação do Brasil no Haiti.
O ex-presidente americano pediu ajuda imediata e investimento sustentado para o país caribenho.
"Passei o fim de semana passado trabalhando em banheiros e caminhões", disse Clinton. "Eu preciso de cem caminhões para ontem." Os 15 centros de distribuição de alimentos que existem hoje precisam ser multiplicados, disse.
Após a sessão, o ministro Amorim afirmou a jornalistas brasileiros que "o assunto do comércio está ficando chato porque os técnicos ficam discutindo e as coisas não saem do lugar".
"Se os líderes não se envolverem, não haverá solução [para a Rodada Doha]", afirmou.


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