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Brasil propõe "taxa zero" para produtos haitianos
MARIA CRISTINA FRIAS
ENVIADA ESPECIAL A DAVOS (SUÍÇA)
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, propôs
ontem que os Estados Unidos
flexibilizem as regras para a exportação de produtos fabricados no Haiti. A ideia é incentivar investimentos estrangeiros
para a reconstrução do país. Para isso, pretende discutir com o
governo americano a liberação
de tarifas e cotas para mercadorias feitas no Haiti.
A proposta, pensada para o
setor têxtil, já despertou o interesse da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), segundo o ministro, que participa
do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
Companhias brasileiras investiriam no Haiti e seus produtos poderiam ser exportados
para os Estados Unidos mais
facilmente.
As empresas poderiam ser
beneficiadas pela "mão de obra
relativamente barata do Haiti",
disse o chanceler.
Mercadorias feitas por empresas americanas no Haiti,
por sua vez, também receberiam o mesmo tratamento do
Brasil, garantiu Amorim.
"Para isso, os EUA precisam
flexibilizar as regras", disse o
ministro, que pretende que a
iniciativa para atrair investimentos perdure 15 ou 20 anos.
"É o momento para que todos os países desenvolvidos e
todos os países em desenvolvimento que possam fazê-lo ofereçam tarifas zero e cota livre
para todos os produtos haitianos com facilidades de regras
de origem", afirmou o chanceler brasileiro.
Amorim ofereceu ainda a
cooperação brasileira para desenvolver biocombustíveis.
A proposta foi feita em uma
sessão especial sobre o Haiti,
com a presença do ex-presidente americano Bill Clinton,
emissário especial da ONU para o país caribenho.
Clinton, por sua vez, chamou
de "magnífica" a atuação do
Brasil no Haiti.
O ex-presidente americano
pediu ajuda imediata e investimento sustentado para o país
caribenho.
"Passei o fim de semana passado trabalhando em banheiros e caminhões", disse Clinton. "Eu preciso de cem caminhões para ontem." Os 15 centros de distribuição de alimentos que existem hoje precisam
ser multiplicados, disse.
Após a sessão, o ministro
Amorim afirmou a jornalistas
brasileiros que "o assunto do
comércio está ficando chato
porque os técnicos ficam discutindo e as coisas não saem do
lugar".
"Se os líderes não se envolverem, não haverá solução [para a
Rodada Doha]", afirmou.
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