São Paulo, sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

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Presidente argentina diz que comer carne de porco melhora o sexo

SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, recomendou à população consumir carne de porco -para "incrementar a atividade sexual"- e de frango -para "emagrecer e voar".
Após a assinatura de um convênio com representantes da indústria suína, na Casa Rosada, anteontem, Cristina disse que a gordura do porco é afrodisíaca e deu um exemplo particular da comprovação da tese.
A presidente contou que, no último fim de semana, depois de comer porco assado, "crocante como um biscoito", "tudo saiu muito bem". Ela disse que eram propícios também "o tempo fantástico" e o "clima de relaxamento" de Calafate (sul do país).
Entre surpresa e acanhada, a plateia, predominantemente masculina, sorriu e aplaudiu quando Cristina disse que "é mais satisfatório comer uma carninha de porco do que tomar Viagra" e se despediu afirmando que "a carne de porco melhora a atividade sexual; não custa nada provar".
Ontem, Cristina exaltou as propriedades do frango, "que não é afrodisíaco, mas ajuda a emagrecer, sobretudo o peito"- ela estava na inauguração de um projeto de expansão de uma granja.
"Eu fico com os frangos. Quem sabe comer frango nos faça voar. Voemos com frangos e comamos porco", afirmou, depois de cotejar os frangos com os "abutres".
A Casa Rosada designa como "abutres" os fundos de credores de sua dívida externa que recusaram a renegociação proposta pelo presidente Néstor Kirchner (2003-2007), marido de Cristina, em 2005.
Neste mês, os credores conseguiram embargar por alguns dias uma conta da Argentina no Tesouro dos EUA, acentuando a crise que a Casa Rosada enfrenta desde o último dia 8, quando Cristina demitiu por decreto o presidente do Banco Central, Martín Redrado, por refutar seu plano de pagar a dívida com reservas do BC.
Redrado voltou ao cargo por via judicial. A questão está pendente. Desde o início da crise, Cristina fez duros discursos contra Redrado, a oposição e seu vice, Julio Cobos, rompido com ela desde 2008, quando o governo entrou em atrito com produtores de grãos e de gado.
Cristina chegou a dizer que, se fosse "gênio", faria "alguns desaparecerem". A UCR (União Cívica Radical), sigla de Cobos, advertiu que "não tolerará mais a violência discursiva, muito menos permitirá que voltem os anos de terror". O verbo "desaparecer" é sensível no país, que estima em 30 mil os "desaparecidos" na mais recente ditadura (1976-1983).


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