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Obama redobra a aposta em discurso ao Congresso
Presidente tenta animar democratas a manter agenda de reformas mesmo sem supermaioria
Para oposição, mandatário
não ouve recado das urnas de Massachusetts ao insistir na aprovação de reforma do sistema de saúde americano
DO "FINANCIAL TIMES"
Se Washington esperava conhecer um Obama 2.0 na quarta à noite, a fala do presidente
foi decepcionante. Mas o discurso mais importante na sua
carreira teve o mérito de pôr
fim à muita especulação sobre
o caminho que ele escolheu.
Em vez de fazer apelos bipartidários, incluindo o apoio por
mais energia nuclear civil e corte de gastos domésticos, Obama voltou a bater na tecla do
seu programa original -reforma do sistema de saúde, regulamentação financeira, estímulos ao emprego, energia limpa.
Obama pode ter conseguido
convencer seu partido a trabalhar com mais harmonia do que
vem sendo feito até agora.
Mas parece bem menos provável ele ter feito o bastante para seduzir um Partido Republicano que asposta na rejeição
em bloco de quase tudo o que é
proposto pela Casa Branca.
"A essência do discurso mostra, sinceramente, que ele não
ouviu o recado da Virgínia e de
Massachussets [duas recentes
derrotas democratas]", disse o
senador John McCain.
O próprio Obama pareceu inclinado a aceitar a derrota imposta aos democratas em Massachussets na semana passada.
"Neste momento já deve estar
claro que não escolhi tratar da
reforma da saúde porque isso
seja bom politicamente."
O que ele não especificou é
que seria muito ruim politicamente para seu partido enfrentar as urnas nas eleições legislativas de novembro depois de
passar a maior parte dos 18 meses de seu governo tentando e
não conseguindo aprová-la.
Para muitos analistas, o pronunciamento refletiu a maneira com que Obama conduziu
sua campanha eleitoral. Houve
muitas referências à crise de
governança de Washington,
que ele chamou de "deficit de
confiança". Ele também esboçou o cenário de uma Washington luminosa na qual republicanos e democratas trabalham
juntos pelo interesse da nação.
Mas o foco da fala foi de cunho democrata. "Esse discurso
conteve 90% de "vamos continuar no caminho" e 10% de "vamos estender a mãos aos republicanos'", disse Bill Galston,
do Instituto Brookings.
O próximo passo de Obama
será persuadir o Congresso a
aprovar uma lei para estimular
empregos, assunto que ele definiu como sua máxima prioridade. Mas sua maior tarefa será
implementar a reforma da saúde, uma necessidade tática que
se tornou ainda mais urgente
depois da derrota em Massachussets. Os resultados dessa
luta serão determinantes para
as eleições de novembro.
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