São Paulo, sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

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Obama redobra a aposta em discurso ao Congresso

Presidente tenta animar democratas a manter agenda de reformas mesmo sem supermaioria

Para oposição, mandatário não ouve recado das urnas de Massachusetts ao insistir na aprovação de reforma do sistema de saúde americano


DO "FINANCIAL TIMES"

Se Washington esperava conhecer um Obama 2.0 na quarta à noite, a fala do presidente foi decepcionante. Mas o discurso mais importante na sua carreira teve o mérito de pôr fim à muita especulação sobre o caminho que ele escolheu.
Em vez de fazer apelos bipartidários, incluindo o apoio por mais energia nuclear civil e corte de gastos domésticos, Obama voltou a bater na tecla do seu programa original -reforma do sistema de saúde, regulamentação financeira, estímulos ao emprego, energia limpa.
Obama pode ter conseguido convencer seu partido a trabalhar com mais harmonia do que vem sendo feito até agora.
Mas parece bem menos provável ele ter feito o bastante para seduzir um Partido Republicano que asposta na rejeição em bloco de quase tudo o que é proposto pela Casa Branca.
"A essência do discurso mostra, sinceramente, que ele não ouviu o recado da Virgínia e de Massachussets [duas recentes derrotas democratas]", disse o senador John McCain.
O próprio Obama pareceu inclinado a aceitar a derrota imposta aos democratas em Massachussets na semana passada. "Neste momento já deve estar claro que não escolhi tratar da reforma da saúde porque isso seja bom politicamente."
O que ele não especificou é que seria muito ruim politicamente para seu partido enfrentar as urnas nas eleições legislativas de novembro depois de passar a maior parte dos 18 meses de seu governo tentando e não conseguindo aprová-la.
Para muitos analistas, o pronunciamento refletiu a maneira com que Obama conduziu sua campanha eleitoral. Houve muitas referências à crise de governança de Washington, que ele chamou de "deficit de confiança". Ele também esboçou o cenário de uma Washington luminosa na qual republicanos e democratas trabalham juntos pelo interesse da nação.
Mas o foco da fala foi de cunho democrata. "Esse discurso conteve 90% de "vamos continuar no caminho" e 10% de "vamos estender a mãos aos republicanos'", disse Bill Galston, do Instituto Brookings.
O próximo passo de Obama será persuadir o Congresso a aprovar uma lei para estimular empregos, assunto que ele definiu como sua máxima prioridade. Mas sua maior tarefa será implementar a reforma da saúde, uma necessidade tática que se tornou ainda mais urgente depois da derrota em Massachussets. Os resultados dessa luta serão determinantes para as eleições de novembro.


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