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EUA
Saída de Card ocorre em meio a pedidos de mudança por republicanos para tentar reverter a queda de popularidade
Sob pressão, Bush troca chefe-de-gabinete
DO "NEW YORK TIMES"
O presidente dos EUA, George
W. Bush, anunciou ontem a renúncia de seu chefe-de-gabinete,
Andrew H. Card Jr., na primeira
grande mudança desde o início
do seu segundo mandato, há 14
meses. O substituto será Joshua
Bolten, um antigo colaborador do
presidente republicano.
Numa breve cerimônia televisionada no Salão Oval da Casa
Branca, Bush disse que Card o
procurou e "levantou a possibilidade de pedir demissão".
Bush tem sofrido crescente
pressão nos últimos meses de
membros do seu próprio partido,
o Republicano, para realizar mudanças como uma forma de reverter a queda na popularidade.
Muitos republicanos sentiram
que são necessárias novas faces
no governo, e Bush já deu a entender que promoverá mais mudanças. Card se aproximava do recorde como chefe-de-gabinete há
mais tempo no cargo, pertencente
a Sherman Adams, no governo do
presidente Dwight Eisenhower
(1953-61). Esse recorde seria quebrado em setembro.
"Card serviu a mim e a nosso
país em momentos históricos,
num dia terrível quando a América foi atacada [o 11 de Setembro],
durante a recessão e a recuperação econômica, em paz e na guerra", discursou Bush.
Embora muitos dos problemas
de Bush estejam relacionados ao
Iraque, Card foi considerado o
principal culpado pela demora da
Casa Branca em reagir ao furacão
Katrina e às críticas à venda da administração de portos americanos para uma empresa de Dubai,
agora suspensa.
Os republicanos também reclamam cada vez mais sobre a sua
percepção de que a Casa Branca
perdeu a ousadia política.
A mudança anunciada, porém,
deixa incólume Karl Rove, o principal conselheiro político do presidente e vice-chefe-de-gabinete.
E não representa infusão de sangue novo, já que Bolten é também
um antigo assessor e trabalhou
como vice-chefe-de-gabinete de
2001 a 2003, até se tornar diretor
de Orçamento da Casa Branca.
Portanto, mesmo se Bolten
inaugurar um período de aproximação entre a Casa Branca e o
Congresso, como muitos parlamentares esperam, não há indícios visíveis de que essa mudança
venha a trazer alterações substanciais de estratégia ou de rumo.
A mudança foi bem recebida
pelos parlamentares republicanos. Já os democratas reagiram
sem enfocar em Card e em seu
substituto, mas nos atuais problemas da Presidência.
O senador democrata Charles E.
Schumer disse que a mudança
"foi simplesmente o rearranjo das
cadeiras do Titanic". Outro senador oposicionista, Richard J. Durbin, afirmou que, "se a Casa Branca está procurando mudar o curso, escolheu a pessoa errada para
se livrar".
Perfil
Bush elogiou Bolten como um
"homem com larga experiência,
que trabalhou no Capitólio, em
Wall Street e na Casa Branca", e o
descreveu como alguém respeitado no Congresso por governistas
e pela oposição.
Bolten falou depois de Bush e
disse que assumirá após uma
transição de algumas semanas.
Já Card, com lágrimas nos
olhos, se virou para Bush e disse:
"O sr. é um bom homem, sr. presidente, e faz grandes coisas".
Card atuou sempre de forma
discreta. Talvez o meu momento
mais visível tenha sido a imagem
em que ele sussurra no ouvido de
Bush que o segundo avião havia
atingido o World Trade Center.
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