São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2007

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Reino Unido suspende relações com o Irã

Tony Blair diz que é hora de aumentar a pressão para que Teerã liberte os 15 militares britânicos detidos no golfo Pérsico

Contatos ficam limitados ao diálogo sobre incidente; Irã afirma que marinheiros capturados invadiram suas águas em meio quilômetro

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES

O Reino Unido suspendeu suas relações bilaterais com o Irã para pressionar o país persa a libertar os 15 militares britânicos presos na última sexta-feira, quando faziam uma patrulha marítima no golfo Pérsico. Também ontem, a TV iraniana mostrou as primeiras imagens dos britânicos detidos, que inclui uma entrevista com a única mulher entre eles.
Visitas de autoridades foram suspensas, bem como a emissão de vistos para membros do governo iraniano e o apoio britânico para negociações comerciais. Apenas o diálogo diplomático para a libertação dos prisioneiros continuará.
Em discurso na Câmara dos Comuns, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, disse que era hora de aumentar a pressão "para garantir que o governo iraniano entenda seu total isolamento nessa questão".

"Inaceitável e ilegal"
Blair qualificou a captura dos britânicos de "inaceitável, errada e ilegal" e disse que estava conversando com seus aliados na Otan e na ONU para chegar a uma solução sensata. A União Européia já havia se manifestado, um dia após a prisão dos britânicos, exigindo do Irã sua "libertação imediata".
Os 15 marinheiros, tripulantes da fragata HMS Cornwall, foram capturados pela Guarda Revolucionária Islâmica, corpo de elite do Irã, logo após terem inspecionado um cargueiro indiano suspeito de contrabandear automóveis usados.
O governo britânico divulgou ontem informações de satélite com o posicionamento dos marinheiros ao serem presos, para refutar a alegação do Irã de que eles estariam em território marítimo do país.

Território iraquiano
Segundo o Ministério da Defesa britânico, o cargueiro que o grupo havia acabado de inspecionar estava cerca de 3 km dentro do território marítimo iraquiano, informação que teria sido confirmada pelo comandante da embarcação.
O ministério disse ter enviado a informação ao Irã, que rebateu mostrando outra coordenada registrada por satélite.
Segundo os britânicos, a nova posição dada pelo Irã também estaria em águas iraquianas, o que levou o país persa a apresentar uma terceira coordenada, dessa vez no lado iraniano.
A Embaixada do Irã em Londres divulgou um comunicado oficial ontem, após o anúncio dos britânicos, afirmando que os marinheiros britânicos estavam 0,5 km dentro da fronteira marítima iraniana quando foram capturados.
O agravamento das tensões colaborou para o aumento do preço do barril de petróleo ontem, que subiu cerca de US$ 2 dólares, chegando a US$ 65,81 (R$ 136) em Londres.
O governo britânico pediu informações sobre os 15 presos, além de acesso consular a eles e sua libertação imediata. O Irã afirmou que os marinheiros estavam sendo bem tratados, mas não disse onde eles estão nem descartou a possibilidade de que sejam julgados pela suposta invasão de seu território.
"Podem ter certeza de que eles foram tratados com comportamento moral e humanitário", disse um porta-voz do Ministério do Exterior do Irã.
O ministro do Exterior iraniano, Manouchehr Mottaki, disse que o assunto será encerrado quando o Reino Unido admitir que os marinheiros estavam nas águas do país. "Se foi um erro, isso pode ser resolvido. Mas eles têm de mostrar que foi um erro, e isso vai nos ajudar a pôr fim à questão", disse à agência Associated Press.


Com agências internacionais


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