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Reino Unido suspende relações com o Irã
Tony Blair diz que é hora de aumentar a pressão para que Teerã liberte os 15 militares britânicos detidos no golfo Pérsico
Contatos ficam limitados ao diálogo sobre incidente; Irã afirma que marinheiros capturados invadiram suas águas em meio quilômetro
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES
O Reino Unido suspendeu
suas relações bilaterais com o
Irã para pressionar o país persa
a libertar os 15 militares britânicos presos na última sexta-feira, quando faziam uma patrulha marítima no golfo Pérsico. Também ontem, a TV iraniana mostrou as primeiras
imagens dos britânicos detidos,
que inclui uma entrevista com
a única mulher entre eles.
Visitas de autoridades foram
suspensas, bem como a emissão de vistos para membros do
governo iraniano e o apoio britânico para negociações comerciais. Apenas o diálogo diplomático para a libertação dos
prisioneiros continuará.
Em discurso na Câmara dos
Comuns, o primeiro-ministro
britânico, Tony Blair, disse que
era hora de aumentar a pressão
"para garantir que o governo
iraniano entenda seu total isolamento nessa questão".
"Inaceitável e ilegal"
Blair qualificou a captura dos
britânicos de "inaceitável, errada e ilegal" e disse que estava
conversando com seus aliados
na Otan e na ONU para chegar a
uma solução sensata. A União
Européia já havia se manifestado, um dia após a prisão dos britânicos, exigindo do Irã sua "libertação imediata".
Os 15 marinheiros, tripulantes da fragata HMS Cornwall,
foram capturados pela Guarda
Revolucionária Islâmica, corpo
de elite do Irã, logo após terem
inspecionado um cargueiro indiano suspeito de contrabandear automóveis usados.
O governo britânico divulgou
ontem informações de satélite
com o posicionamento dos marinheiros ao serem presos, para
refutar a alegação do Irã de que
eles estariam em território marítimo do país.
Território iraquiano
Segundo o Ministério da Defesa britânico, o cargueiro que o
grupo havia acabado de inspecionar estava cerca de 3 km
dentro do território marítimo
iraquiano, informação que teria sido confirmada pelo comandante da embarcação.
O ministério disse ter enviado a informação ao Irã, que rebateu mostrando outra coordenada registrada por satélite.
Segundo os britânicos, a nova
posição dada pelo Irã também
estaria em águas iraquianas, o
que levou o país persa a apresentar uma terceira coordenada, dessa vez no lado iraniano.
A Embaixada do Irã em Londres divulgou um comunicado
oficial ontem, após o anúncio
dos britânicos, afirmando que
os marinheiros britânicos estavam 0,5 km dentro da fronteira
marítima iraniana quando foram capturados.
O agravamento das tensões
colaborou para o aumento do
preço do barril de petróleo ontem, que subiu cerca de US$ 2
dólares, chegando a US$ 65,81
(R$ 136) em Londres.
O governo britânico pediu
informações sobre os 15 presos,
além de acesso consular a eles e
sua libertação imediata. O Irã
afirmou que os marinheiros estavam sendo bem tratados, mas
não disse onde eles estão nem
descartou a possibilidade de
que sejam julgados pela suposta invasão de seu território.
"Podem ter certeza de que
eles foram tratados com comportamento moral e humanitário", disse um porta-voz do Ministério do Exterior do Irã.
O ministro do Exterior iraniano, Manouchehr Mottaki,
disse que o assunto será encerrado quando o Reino Unido admitir que os marinheiros estavam nas águas do país. "Se foi
um erro, isso pode ser resolvido. Mas eles têm de mostrar
que foi um erro, e isso vai nos
ajudar a pôr fim à questão", disse à agência Associated Press.
Com agências internacionais
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