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análise
Crise revela divisão no poder iraniano
ANGUS McDOWALL
DO "INDEPENDENT", EM TEERÃ
Os membros da Guarda
Revolucionária e seus defensores radicais que estão por
trás da atual crise representam apenas uma facção da direção iraniana, mas conseguiram fazer a política externa do país de refém.
Tirando vantagem das divisões internas do Estado
iraniano, os guardas revolucionários criaram um fato
consumado, forçando o governo a adotar uma posição
da qual será difícil retroceder. Muitos desses guardas
querem ver o Irã adotar uma
posição mais agressiva contra o Reino Unido e os EUA.
A confusão é provocada
pelo sistema político incomum do Irã, que combina
elementos democráticos,
tais como um presidente e
um Parlamento eleitos, com
o governo teocrático de um
líder supremo. Na prática, isso significa que as decisões
raramente são tomadas por
uma única pessoa: elas são
disputadas e discutidas por
uma multidão de facções políticas e interesses diversos,
incluindo lideranças religiosas, políticos eleitos, comerciantes ricos -e militares.
Analistas acreditam que o
confronto mais recente nasceu do desejo de mostrar que
o Irã pode reagir, apesar de
ter sido submetido a sanções
por seu programa nuclear.
Em função do feriado prolongado do Ano Novo local,
não há jornais disponíveis no
Irã há mais de uma semana.
Analistas dizem que esse blecaute de mídia se deve ao fato
de que os líderes principais
do regime não querem encurralar-se, fazendo declarações inflamadas ou prometendo adotar ações determinadas. Especula-se que a decisão de transmitir as imagens dos marinheiros britânicos foi tomada em retaliação à decisão britânica de
congelar todos os intercâmbios diplomáticos não ligados ao caso.
A grande pergunta é se os
guardas tiveram do aitolá Ali
Khamenei, líder religioso supremo, aval para capturar os
britânicos e exibir as imagens. Na semana passada,
Khamenei proferiu um discurso incomumente intransigente, prometendo opor
resistência aos inimigos do
Irã, o que pode ter sido interpretado pelos guardas como
farol verde para agir contra
as forças britânicas.
Tradução de CLARA ALLAIN
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