|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mulher capturada admite invasão na TV, mas britânicos apontam coerção
DE LONDRES
A TV iraniana Al Alam exibiu
ontem à noite uma entrevista
com Faye Turney, 26, na qual a
única mulher entre os 15 marinheiros britânicos presos afirma que o grupo invadiu território marítimo iraniano.
A exibição aconteceu horas
após o governo britânico apresentar evidências de que seus
marinheiros não estariam em
águas do Irã, mas do Iraque.
Além de Turney, que aparece
vestida com uma túnica branca
e com a cabeça coberta por um
lenço preto, o vídeo mostrou
também os outros marinheiros
durante uma refeição.
"Obviamente nós invadimos
o território deles. Eles foram
muito amigáveis e hospitaleiros, pessoas muito boas", diz
Turney no vídeo.
"Eles nos explicaram por que
fomos presos. Não houve agressão, ninguém ferido, eles tiveram muita compaixão."
A TV também exibiu uma
carta que teria sido escrita à
mão pela oficial britânica, endereçada a seus familiares, na
qual ela lamenta a invasão.
A exibição coincidiu com a
declaração do ministro iraniano das Relações Exteriores,
Manouchehr Mottaki, que afirmou ontem que Turney seria libertada até hoje.
A chanceler britânica, Margaret Beckett, reagiu à exibição
se dizendo "muito preocupada"
com as imagens. Beckett disse
temer "qualquer indicação de
pressão ou coerção de nossos
oficiais, que estavam em uma
missão de rotina em respeito a
leis internacionais".
"Estou particularmente desapontada por uma carta particular ter sido usada de uma maneira que apenas aumenta a
agonia dos familiares."
Des Browne, secretário de
Defesa britânico, afirmou ser
"completamente inaceitável a
exibição de nossos oficiais dessa maneira".
Segundo a imprensa britânica, o Irã havia prometido ao
Reino Unido que os marinheiros presos não seriam exibidos
na TV, como aconteceu com o
grupo capturado em 2004 por
ter invadido o mar iraniano.
Canal obscuro
O jornal britânico "The Independent" afirma em sua edição
de hoje que a Al Alam é um obscuro canal via satélite ligado à
Guarda Revolucionária Islâmica. Segundo o jornal, o fato da
exibição ter sido em árabe -e
não em persa, a língua oficial do
Irã- sinaliza uma oposição no
país à escalada do conflito diplomático com o Reino Unido,
já que poucos iranianos teriam
visto a transmissão.
Texto Anterior: Local da captura é foco de disputa entre Irã e Iraque Próximo Texto: Análise: Crise revela divisão no poder iraniano Índice
|