São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2007

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Mulher capturada admite invasão na TV, mas britânicos apontam coerção

DE LONDRES

A TV iraniana Al Alam exibiu ontem à noite uma entrevista com Faye Turney, 26, na qual a única mulher entre os 15 marinheiros britânicos presos afirma que o grupo invadiu território marítimo iraniano.
A exibição aconteceu horas após o governo britânico apresentar evidências de que seus marinheiros não estariam em águas do Irã, mas do Iraque.
Além de Turney, que aparece vestida com uma túnica branca e com a cabeça coberta por um lenço preto, o vídeo mostrou também os outros marinheiros durante uma refeição.
"Obviamente nós invadimos o território deles. Eles foram muito amigáveis e hospitaleiros, pessoas muito boas", diz Turney no vídeo.
"Eles nos explicaram por que fomos presos. Não houve agressão, ninguém ferido, eles tiveram muita compaixão."
A TV também exibiu uma carta que teria sido escrita à mão pela oficial britânica, endereçada a seus familiares, na qual ela lamenta a invasão.
A exibição coincidiu com a declaração do ministro iraniano das Relações Exteriores, Manouchehr Mottaki, que afirmou ontem que Turney seria libertada até hoje.
A chanceler britânica, Margaret Beckett, reagiu à exibição se dizendo "muito preocupada" com as imagens. Beckett disse temer "qualquer indicação de pressão ou coerção de nossos oficiais, que estavam em uma missão de rotina em respeito a leis internacionais".
"Estou particularmente desapontada por uma carta particular ter sido usada de uma maneira que apenas aumenta a agonia dos familiares."
Des Browne, secretário de Defesa britânico, afirmou ser "completamente inaceitável a exibição de nossos oficiais dessa maneira".
Segundo a imprensa britânica, o Irã havia prometido ao Reino Unido que os marinheiros presos não seriam exibidos na TV, como aconteceu com o grupo capturado em 2004 por ter invadido o mar iraniano.

Canal obscuro
O jornal britânico "The Independent" afirma em sua edição de hoje que a Al Alam é um obscuro canal via satélite ligado à Guarda Revolucionária Islâmica. Segundo o jornal, o fato da exibição ter sido em árabe -e não em persa, a língua oficial do Irã- sinaliza uma oposição no país à escalada do conflito diplomático com o Reino Unido, já que poucos iranianos teriam visto a transmissão.


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