São Paulo, sábado, 29 de março de 2008

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Com bombas em Basra, EUA entram em guerra de xiitas

DA REDAÇÃO

A intensificação dos combates entre forças do governo iraquiano e a milícia xiita Exército de Mehdi, que entraram ontem no seu quarto dia, levou as forças lideradas pelos EUA no Iraque a entrarem de vez no conflito, bombardeando posições rebeldes em Basra e Bagdá, as duas maiores cidades do país.
Ao amanhecer, aviões americanos atacaram em Basra bases logísticas do Exército de Mehdi, poderosa e popular milícia comandada pelo clérigo Moqtada al Sadr, que disputa o controle da capital petrolífera do país desde a semana passada com grupos xiitas rivais supostamente apoiados pelo governo do premiê Nuri al Maliki (também parte da maioria xiita).
Os bombardeios americanos destruíram ainda alvos em Sadr City, um bairro pobre de Bagdá onde Sadr tem forte apoio popular. Até então, a participação da coalizão na ofensiva do governo iraquiano contra o Exército de Mehdi, iniciada na madrugada de terça-feira, limitava-se a patrulhamento e apoio em operações específicas.
A exemplo de Basra e outras cidades, Bagdá está sob toque de recolher, mas combates continuam acontecendo em alguns setores da capital, elevando o número de mortos para pelo menos 120 desde terça-feira.
A repressão aos milicianos ameaça acabar com uma trégua unilateral observada desde meados do ano passado pelo Exército de Mehdi, leal a Sadr. Seguidores do clérigo radical acusam o governo de se aproveitar da trégua -crucial para a redução da violência no país- a fim de esmagar a milícia.
Nem o prazo de três dias dado pelo governo para que os grupos xiitas entregassem as armas conseguiu diminuir a capacidade de combate do Exército de Mehdi, que continuou lançando mísseis contra a ultraprotegida Zona Verde de Bagdá, onde ficam o governo iraquiano e a base dos EUA.
O ministro da Defesa do Iraque, Abdel Qader Jassim, admitiu ter pedido ajuda às forças estrangeiras diante da resistência apresentada pelos milicianos. "Estamos surpresos por essa resistência, que nos obrigou a mudar nossos planos", disse Jassim.
Em mais um sinal de desamparo do governo, Maliki prometeu dinheiro aos rebeldes de Basra que entregarem as armas, "pesadas e médias", até o dia 8 de abril.


Com agências internacionais


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