São Paulo, sábado, 29 de março de 2008

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Liderança democrata pede fim de ataques pessoais

Para Dean, que quer definição até 1º de julho, agressões entre Hillary e Obama põem em xeque chances do partido para Presidência

DA REDAÇÃO

O presidente do Partido Democrata, Howard Dean, pediu ontem que os pré-candidatos à Presidência dos EUA Hillary Clinton e Barack Obama contenham os ataques mútuos e exortou seus correligionários a definirem seu indicado até julho. Caso contrário, disse, o partido porá em risco suas chances de eleger o sucessor de George W. Bush em novembro.
"Vocês não vão querer desmoralizar a base do Partido Democrata, com esses ataques mútuos", afirmou o ex-governador de Vermont.
Dean alertou para um perigo que começou a ganhar vulto recentemente, quando as agressões entre Hillary e Obama passaram a crescer. Um dos motivos para as atitudes fratricidas seria a adoção, pela ex-primeira-dama, da chamada "Tática Tonya Harding". O nome é uma menção a ex-patinadora que mandou espancar sua rival na véspera de uma competição.
Segundo assessores de Hillary, ela já está consciente de que não será a indicada do Partido Democrata para disputar a Casa Branca, mas resolveu minar as chances do colega. O raciocínio é que, com a vitória do republicano John McCain, ela aumentaria sua chances de ser eleita presidente em 2012.
Indícios de que a tática esteja em campo são a insistência da senadora em lembrar os laços que Obama teve com o pastor Jeremiah Wright, cujos sermões são carregados de inflamação à discórdia racial, e declaração recente do ex-presidente Bill Clinton, insinuando que Obama não é patriota.
A campanha de Obama não deixou barato, apontando que Hillary mentiu ao dizer que desembarcou sob tiroteio de um helicóptero quando visitou a Bósnia, como primeira-dama, em 1996. E anteontem, ao propor medidas econômicas para frear a crise no mercado imobiliário americano, Obama insinuou que os problemas de hoje têm origem na era Clinton.
Na tentativa de conter danos, Dean pediu que os superdelegados não esperem até a convenção nacional, no fim de agosto, para escolher quem concorrerá com o virtualmente indicado McCain -os cerca de 800 superdelegados democratas votam como querem, independentemente dos resultados das prévias estaduais. A expectativa é que Obama chegue a agosto com poucos delegados a mais do que Hillary, cabendo a decisão aos superdelegados.
Dean quer que os superdelegados façam sua opção até o fim de junho, para que os simpatizantes do pré-candidato derrotado apóiem o vencedor. Algo que por ora não parece fácil: pesquisa Gallup divulgada no último dia 26 dá conta de que 28% dos ditos eleitores de Hillary votarão em McCain caso Obama seja o escolhido; já 19% dos que querem Obama votariam no republicano em um embate com Hillary.

Pensilvânia
Obama ganhou ontem um apoio importante para a primária da Pensilvânia, na qual as pesquisas apontam vantagem média de 16 pontos de sua rival. O endosso veio do senador Bob Casey e pode valer-lhe votos do eleitorado católico local, que perfaz um terço do todo. O Estado, que vota dia 22 de abril, é o de maior peso nesta reta final.
Já Hillary ontem ouviu do senador democrata Patrick Leahy, de Vermont, um pedido para abandonar a disputa. Ao que respondeu que permaneceria, pois "há milhões de motivos para ficar nesta disputa".


Com agências internacionais


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