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Chávez protesta contra asilo e retira embaixador do Peru
No Brasil, presidente peruano diz que acolher opositor venezuelano era um dever
García afirma que Rosales se
disse "ameaçado" e que sua decisão não afeta amizade, mas Venezuela anuncia revisão integral da relação
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A RIO BRANCO (ACRE)
A Venezuela anunciou a retirada do seu embaixador de Lima e a "avaliação integral" das
relações com o Peru em protesto contra o asilo político concedido anteontem pelo governo
Alan García ao líder opositor
venezuelano Manuel Rosales.
"A decisão (...) é uma violação
do direito internacional, um
duro golpe à luta contra a corrupção e uma ofensa ao povo da
Venezuela", diz a nota da Chancelaria venezuelana, divulgada
anteontem à noite.
O governo venezuelano afirmou que Rosales é foragido da
Justiça venezuelana, à qual responde por enriquecimento ilícito e corrupção. Também
mencionou que a Interpol (polícia internacional) havia emitido uma ordem internacional
para a sua captura.
Rosales nega as irregularidades e acusa o presidente Hugo
Chávez de manipular a Justiça
para persegui-lo politicamente.
Resposta peruana
Em visita a Rio Branco, no
Acre, e ao lado do colega brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva,
García defendeu a decisão de
conceder asilo ao venezuelano.
Declarou que era um "dever"
do país para com uma pessoa
que se disse "ameaçada" e que a
atitude não deve afetar a relação do Peru com a Venezuela.
"O primeiro dever de um governo democrático é lhe dar
proteção. Depois haverá outras
circunstâncias em que se pode
manter essa proteção ou não",
disse García. "Temos uma posição de amizade com o governo
da Venezuela. É um governo
nascido das urnas. Ninguém
pode negar o seu caráter popular. E não queremos que nenhuma circunstância altere a
nossa boa relação."
Prefeito licenciado de Maracaibo, a segunda maior cidade
da Venezuela, Rosales fugiu da
Venezuela em meio a um processo em que é acusado de não
justificar um rendimento de
US$ 68 mil entre 2002 e 2004,
quando era governador do Estado de Zulia, o mais rico do
país por concentrar o petróleo.
Em outubro, o presidente venezuelano prometeu comandar uma "operação" para prendê-lo, acusando-o de "mafioso"
e de planejar matá-lo.
Anteontem, o governo peruano concedeu asilo a Rosales,
transformando-o no terceiro
dirigente antichavista a receber esse benefício sob o governo do conservador García, que
mantém uma relação distante
com o venezuelano.
Chávez apoiou abertamente
o nacionalista Ollanta Humala,
oponente de García, nas eleições presidenciais peruanas de
2006. Já a base aliada de García
no Congresso do Peru abriu investigação sobre suposta ingerência do venezuelano no país,
que custearia ações de opositores e a prestação de serviços à
população carente.
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