São Paulo, quarta-feira, 29 de abril de 2009

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Chávez protesta contra asilo e retira embaixador do Peru

No Brasil, presidente peruano diz que acolher opositor venezuelano era um dever

García afirma que Rosales se disse "ameaçado" e que sua decisão não afeta amizade, mas Venezuela anuncia revisão integral da relação

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A RIO BRANCO (ACRE)

A Venezuela anunciou a retirada do seu embaixador de Lima e a "avaliação integral" das relações com o Peru em protesto contra o asilo político concedido anteontem pelo governo Alan García ao líder opositor venezuelano Manuel Rosales.
"A decisão (...) é uma violação do direito internacional, um duro golpe à luta contra a corrupção e uma ofensa ao povo da Venezuela", diz a nota da Chancelaria venezuelana, divulgada anteontem à noite.
O governo venezuelano afirmou que Rosales é foragido da Justiça venezuelana, à qual responde por enriquecimento ilícito e corrupção. Também mencionou que a Interpol (polícia internacional) havia emitido uma ordem internacional para a sua captura.
Rosales nega as irregularidades e acusa o presidente Hugo Chávez de manipular a Justiça para persegui-lo politicamente.

Resposta peruana
Em visita a Rio Branco, no Acre, e ao lado do colega brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, García defendeu a decisão de conceder asilo ao venezuelano. Declarou que era um "dever" do país para com uma pessoa que se disse "ameaçada" e que a atitude não deve afetar a relação do Peru com a Venezuela.
"O primeiro dever de um governo democrático é lhe dar proteção. Depois haverá outras circunstâncias em que se pode manter essa proteção ou não", disse García. "Temos uma posição de amizade com o governo da Venezuela. É um governo nascido das urnas. Ninguém pode negar o seu caráter popular. E não queremos que nenhuma circunstância altere a nossa boa relação."
Prefeito licenciado de Maracaibo, a segunda maior cidade da Venezuela, Rosales fugiu da Venezuela em meio a um processo em que é acusado de não justificar um rendimento de US$ 68 mil entre 2002 e 2004, quando era governador do Estado de Zulia, o mais rico do país por concentrar o petróleo.
Em outubro, o presidente venezuelano prometeu comandar uma "operação" para prendê-lo, acusando-o de "mafioso" e de planejar matá-lo.
Anteontem, o governo peruano concedeu asilo a Rosales, transformando-o no terceiro dirigente antichavista a receber esse benefício sob o governo do conservador García, que mantém uma relação distante com o venezuelano.
Chávez apoiou abertamente o nacionalista Ollanta Humala, oponente de García, nas eleições presidenciais peruanas de 2006. Já a base aliada de García no Congresso do Peru abriu investigação sobre suposta ingerência do venezuelano no país, que custearia ações de opositores e a prestação de serviços à população carente.


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