São Paulo, quarta-feira, 29 de maio de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Vítimas são 3 estudantes religiosos e motorista baleado na estrada; Sharon reúne gabinete para discutir retaliação

Palestinos matam 4 colonos na Cisjordânia

DA REDAÇÃO

Duas ações armadas contra colonos judeus da Cisjordânia resultaram na morte ontem de quatro israelenses. O premiê de Israel, Ariel Sharon, convocou reunião de emergência de seu gabinete para discutir uma retaliação.
Um militante conseguiu entrar numa ieshivá (seminário rabínico) no assentamento de Itamar, perto de Nablus, e abrir fogo contra os moradores. Matou três estudantes adolescentes e feriu outros dois antes de morrer baleado por um segurança.
Duas das vítimas jogavam basquete ao lado da escola. Após assassiná-los, o palestino invadiu o edifício, onde matou mais um. "O atirador disparou contra quem via pela frente", disse Avi Cohen, médico da Maguen David Adom, versão judaica da Cruz Vermelha.
No outro incidente, o israelense Albert Maloul, 50, morreu ao ser atingido na cabeça e seu primo ficou ferido num atentado a tiros perto da colônia de Ofra. O carro em que viajavam foi alvo de disparos no mesmo ponto da estrada em que, há um ano, um morador de Ofra morreu da mesma forma.
O Exército de Israel voltou a invadir Ramallah na noite de ontem. No subúrbio de Beitunia, soldados cercaram a casa de um dirigente do Hamas, Hassan Yussuf, que não estava no local.
Antes, durante incursão em Jenin, um palestino morreu e um dos líderes do Hamas na cidade, Rami Awad, foi preso. Belém, reocupada na segunda-feira, continuava ontem sob controle militar.
O país faz ações diárias para prevenir ataques e capturar suspeitos de terrorismo -anteontem, suicida matou um bebê e sua avó em Petah Tikva, na quinta ação do gênero em pouco mais de uma semana.

Prisão do "governador"
Israel também prendeu ontem Jamal Nasser, considerado pelos palestinos como o "governador" de Jerusalém Oriental. Um porta-voz da polícia disse que ele "permanecia ilegalmente" na cidade.
Nomeado "governador" pelo líder palestino Iasser Arafat, seu cargo é simbólico. A administração da Autoridade Nacional Palestina não se estende a Jerusalém.
Israel acelerou a construção de cerca de proteção ao redor de Jerusalém para, segundo o governo, barrar a entrada de suicidas. Cerca de 8 km de cerca, de um total de 20 km, já foram erguidos. Fazem parte de um projeto maior, que prevê a colocação de diversos obstáculos ao longo dos mais de 350 km de fronteira que separam Israel da Cisjordânia.
Essa nova divisão de Jerusalém é polêmica, já que nenhum país reconhece a soberania israelense sobre Jerusalém Oriental, tomada na guerra de 1967, onde vivem cerca de 200 mil palestinos.
Os EUA anunciaram que enviarão o negociador William Burns ao Oriente Médio, para tentar convencer os líderes a participarem de uma conferência de paz.
O diretor da CIA, George Tenet, também deve ir à região na próxima semana. Um de seus principais desafios será auxiliar Arafat a reformular e unificar os seus serviços de segurança.

Satélite militar
Israel lançou ontem o satélite militar de espionagem Ofek-5. Há cerca de um ano o país não contava com equipamento próprio e vinha usando os serviços de um satélite comercial. Em 1998, a tentativa de pôr em órbita o Ofek-4 fracassou.
O novo dispositivo deve monitorar atividades militares no Oriente Médio, com foco concentrado principalmente sobre o Irã, a Síria e o Iraque. O lançamento de ontem também comprova a capacidade israelense de operar mísseis de longa distância.


Com agências internacionais


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