|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IRAQUE OCUPADO
Iyad Allawi, que trabalhou para a CIA, comandará governo interino; escolha gera dúvida sobre independência
Aliado dos EUA é indicado para premiê
DA REDAÇÃO
Iyad Allawi, um ex-membro do
partido Baath (do ex-ditador Saddam Hussein) que trabalhou para
a CIA (agência de espionagem
dos EUA), foi escolhido ontem
para o cargo de premiê do Iraque
após a transferência de soberania,
marcada para 30 de junho.
Allawi deverá liderar o país até a
realização de eleições livres, no
ano que vem. Os 25 membros do
Conselho de Governo Iraquiano,
que foram apontados pelos EUA,
escolheram de modo unânime o
neurologista xiita durante uma
reunião da qual também participou o chefe da Autoridade Provisória da Coalizão, o americano
Paul Bremer.
Allawi não comandará um Estado realmente soberano, já que
forças militares estrangeiras, sobretudo dos EUA, deverão permanecer no país por muito tempo
após a transferência de poder.
Não ficou claro se o enviado especial da ONU ao Iraque, Lakhdar Brahimi, a quem os EUA pediram que ajudasse na formação
do novo governo iraquiano, e
Washington tiveram influência
na escolha de Allawi, que muitos
iraquianos vêem como alguém
que não é digno de confiança.
Segundo Mahmoud Othman,
membro do Conselho de Governo Iraquiano, a ONU e os EUA
apoiaram a decisão. "Tivemos
uma reunião com Bremer e com
Brahimi. Eles se mostraram contentes com nossa decisão e cumprimentaram Allawi", afirmou.
Porém a posição de Brahimi
não ficou clara. Seu porta-voz no
Iraque, Ahmad Fawzi, disse que o
enviado da ONU tinha considerado a escolha "bem-vinda". Mas
Fred Eckhard, porta-voz da ONU,
afirmou, em Nova York, que Brahimi "respeita a decisão e está
pronto para trabalhar" com Allawi. Mas Eckhard salientou que o
processo não se desenvolveu como a entidade "esperava".
Um porta-voz dos EUA chegou
a dizer que Allawi fora indicado
por Brahimi, mas a ONU não
confirmou essa informação.
Allawi terá a seu lado outras 29
autoridades. Nos próximos dias,
Brahimi deverá anunciar os nomes do futuro presidente (sunita), os de seus dois vice-presidentes e os dos 26 ministros que comporão o gabinete interino.
O principal desafio de Allawi é a
realização de eleições legislativas
em janeiro de 2005, segundo proposta americana.
"Não sei nada sobre Allawi. Ele
viveu muito tempo fora. Precisamos de alguém que vivia aqui para tirar o país da crise", disse o gerente de um hotel em Bagdá.
Allawi é parente de Ahmad
Chalabi, um ex-favorito do Pentágono que caiu em desgraça e era
visto como a primeira escolha de
Washington para comandar o
Iraque. Um primo de Allawi, Ali
Allawi, é o ministro da Defesa.
Allawi, nascido em 1945, também é um empresário bem-sucedido. Passou muitos anos no exterior e tornou-se inimigo do regime de Saddam. Em 1990, ele formou o Acordo Nacional Iraquiano, partido apoiado pela CIA e
pelos serviços de espionagem britânicos. A polícia secreta iraquiana tentou matá-lo perto de sua casa, em Londres, em 1978, quando
ele mantinha laços com o serviço
secreto britânico, de acordo com
um livro escrito pelos especialistas em Iraque Andrew Cockburn
e Patrick Cockburn.
Nova resolução da ONU
A proposta de resolução anglo-americana sobre o Iraque continua sendo negociada no Conselho de Segurança da ONU. Ela será vital para a definição do grau de
poder que terá o governo interino
iraquiano. Segundo o presidente
George W. Bush, houve "progresso" nas negociações ontem.
Alguns líderes iraquianos e países como a França, a Rússia e a
China pressionam Washington a
aceitar que o texto dê mais poder
aos iraquianos, sobretudo no que
concerne às tropas estrangeiras.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Venezuela: Confirmação de assinaturas é "normal", diz governo Próximo Texto: Comentário: Escolha deve gerar problema Índice
|