São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 2008

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Brasil fica fora de acordo antiarmamento

Mais de cem países finalizam tratado que bane as bombas de dispersão; EUA, Rússia e China se opõem

DA REDAÇÃO

Após cerca de um ano de negociações, mais de cem países chegaram a um acordo ontem em Dublin (Irlanda) sobre um tratado para banir o uso dos atuais modelos de bombas de dispersão -as "cluster bombs"- em conflitos. O texto, que exige a interrupção da produção atual e a eliminação de estoques em até oito anos, deverá ser assinado em dezembro em Oslo (Noruega).
O Brasil e a Colômbia, na América do Sul, assim como os líderes na fabricação do armamento -Estados Unidos, Rússia, China, Israel, Índia e Paquistão- ficaram de fora.
O Brasil é um dos 34 países produtores e não fez parte das discussões na Irlanda, embora tenho sido "observador" em reuniões prévias. Segundo a assessoria do Itamaraty, o país considera que o foro mais adequado para a discussão sobre as bombas é no âmbito da Convenção sobre Certas Armas Convencionais (CCW, na sigla em inglês), da ONU, do qual o país é signatário.
Ainda segundo a assessoria, as Forças Armadas brasileiras consideram que as bombas de dispersão são importantes para a defesa nacional. Embora nunca a tenha utilizado diretamente, o país exporta a munição.

Controvérsias
O tratado proíbe a venda das bombas e pede a limpeza rápida das áreas contaminadas. Mas não impede que países signatários lutem em conflitos ao lado de governos de fora do acordo -uma vitória para os EUA. Além disso, em tese, forças americanas baseadas na Europa poderão manter estoques do armamento no território de países aliados, como o Reino Unido, um signatário.
Em nota, o Pentágono afirmou que, "embora os EUA compartilhem das preocupações humanitárias dos que estão em Dublin, bombas de dispersão demonstraram utilidade militar e sua eliminação dos estoques americanos colocaria as vidas de nossos soldados e de parceiros em risco".
As bombas de dispersão foram usadas recentemente pelos EUA e por Israel em países como Líbano, Afeganistão e Iraque. Elas são feitas de contêineres que se abrem no ar e espalham por grandes áreas centenas de submunições individuais, que funcionam como minibombas.
Em outro ponto polêmico, o tratado não proíbe o desenvolvimento de novas armas de dispersão baseadas na lógica das bombas banidas.
EUA, Índia, Paquistão e Israel afirmam que as bombas de fragmentação são úteis em campos de batalha. Seus oponentes argumentam que as minibombas que não explodem logo contaminam extensas áreas por décadas, deixando um legado letal para os civis.


Com agências internacionais


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