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Após 239 anos, Nepal acaba com monarquia
Maoístas devem assumir poder na República
DA REDAÇÃO
Acabou ontem uma das últimas monarquias do Sudeste
Asiático -agora ela só sobrevive no Butão, pois o Nepal passa
a ser uma República após 239
anos. O rei Gyanendra, 60, entronado em 2001 após seu irmão ter sido morto pelo filho,
tem 15 dias para sair do palácio.
Empossada na terça-feira, a
Assembléia Constituinte eleita
em abril aprovou a resolução
em seu primeiro encontro, por
560 votos a 4. A sessão começou com atraso de dez horas,
devido a desacordos entre a
maioria maoísta e outros partidos signatários do acordo de
paz de 2006, após dez anos de
guerra civil que matou aproximadamente 13 mil pessoas.
O único comentário oficial
foi que o rei pretende continuar
no Nepal -ele já vivia recluso
desde 2006. A Assembléia governará o país enquanto reescreve a Constituição, e conversas de última hora negociavam
quanto poder a Presidência terá e quem a assumirá. O mais
provável é que os maoístas fiquem no controle.
Em Katmandu, a capital, jovens celebravam o que muitos
vêem como o ápice do acordo
de paz com a ex-guerrilha
maoísta. Perto do centro de
convenções onde a Assembléia
se reuniu, milhares cantavam
"Longa vida à República!". Ainda que a manifestação tenha sido pacífica, a polícia usou gás
lacrimogêneo para dispersar a
multidão que se aproximava
demais do prédio.
Mas se livrar da monarquia, a
última do antigo império hindu, é um dos menores problemas do Nepal, como evidenciaram pequenas explosões de
bomba que ocorreram em Katmandu nesta semana -ontem
houve duas. Todas elas, que feriram quatro pessoas, pareciam
ser direcionadas aos políticos
pró-República. Foi um sinal de
que será difícil desenhar uma
paz duradoura e trazer prosperidade ao país -a agricultura
responde por 38% do PIB.
Foram deslocados para as
ruas 10 mil policiais, enquanto
os maoístas disseram ter 20 mil
voluntários de sua ala jovem
controlando as manifestações.
O medo da violência, porém,
permaneceu, pois esses jovens
são acusados constantemente
de intimidar seus opositores,
inclusive com mortes.
Se o rei Gyanendra, herdeiro
da dinastia Shah, que unificou o
Nepal no século 18, pacificamente deixar o palácio -um
pagode de teto rosa que deve virar museu-, deve se mudar para seu palácio pessoal, onde
morava antes de assumir. Riquíssimo empresário, viu sua
popularidade chegar ao fundo
do poço ao destituir o governo e
conceder-se poderes absolutos
em fevereiro de 2005.
Com "Le Monde" e agências
internacionais
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