São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2008

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Mulheres-bomba matam 49 no Iraque

Outras 12 pessoas são mortas a tiros em enfrentamento entre etnias após atentado na cidade de Kirkuk; feridos superam 260

Ataques que visaram xiitas na capital e curdos no norte não têm ligação aparente e encerram calmaria; nenhum grupo reivindicou autoria

Tengku Bahar/France Presse
Policial iraquiano inspeciona a bolsa de uma peregrina xiita a caminho do santuário do imã Musa al Khadhim, no norte de Bagdá

DA REDAÇÃO

Pelo menos 49 pessoas morreram e mais de 260 ficaram feridas ontem em atentados executados por mulheres-bomba em Bagdá e Kirkuk, no norte do Iraque. As explosões põem fim a um período de relativa calmaria no país, durante o qual a violência atingiu seus níveis mais baixos desde 2004, e marcam um fenômeno crescente: o uso de mulheres como terroristas suicidas (leia texto ao lado).
Até o fechamento desta edição, nenhum grupo reivindicou a autoria dos dois ataques, que não tiveram ligação aparente.
Em Kirkuk, após o atentado que matou 17 pessoas por volta das 10h30 durante um protesto, outras 12 foram mortas em confronto entre curdos e turcomenos. Seguranças pertencentes a essa segunda etnia -que perfaz menos de 3% da população do país- abriram fogo contra a multidão que tomara a sede de um partido local.
Apesar de o atentado trazer marcas de grupos sunitas, os curdos acusaram os turcomenos, passando a lançar pedras nas sedes dos partidos que os representavam. Ao menos 25 seguranças e 127 civis foram feridos no confronto.
O episódio foi um dos mais graves confrontos em Kirkuk desde o início da guerra, em 2003. Os manifestantes protestavam contra o projeto de lei sobre eleições provinciais que, depois de rejeitado pelo Conselho Presidencial na última quarta, voltou ao Parlamento.
Enquanto os curdos defendem que Kirkuk -importante pólo petroleiro- pertença à região semi-autônoma do Curdistão, árabes e turcomenos querem que permaneça sob a autoridade do governo central e insistem na sua divisão em quatro distritos étnicos.

Peregrinos em Bagdá
Na mesma manhã, por volta das 8h, três mulheres-bomba detonaram-se em Bagdá, matando 32 pessoas e ferindo pelo menos 64. Segundo o "New York Times", todas as vítimas eram peregrinos xiitas.
O atentado em Bagdá aconteceu na véspera da celebração da morte de um dos 12 imãs do xiismo, cujos restos encontram-se na mesquita de Kadhamiya, a noroeste da capital.
Pelo menos 1 milhão de peregrinos devem ir a Bagdá até hoje na celebração que, em 2005, já fora manchada com a morte de quase mil pessoas durante uma ameaça de atentado seguida de tumulto -o episódio mais mortífero no país desde a invasão pelos EUA.


Com agências internacionais e "The New York Times"


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