São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2008

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Stiglitz dará consultoria a Lugo e apóia rever Itaipu

Nobel de Economia irá ao Paraguai a pedido do novo governo, que assume dia 15

Economista diz que alta de preços de energia justifica a revisão do valor pago pelo Brasil e cita caso da Bolívia para animar país vizinho

DA REDAÇÃO

A bandeira do presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, de renegociar o Tratado de Itaipu com o Brasil ganhou um defensor: o norte-americano Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, que assessorará o governo que começa no próximo dia 15.
Stiglitz apoiou a demanda em entrevista ao jornal local "ABC Color". Ele chegará ao país no dia 13, a convite do esquerdista Lugo, que encerrará 61 anos de domínio do Partido Colorado.
A visita tem o apoio do PNUD, programa de apoio ao desenvolvimento da ONU, e da Embaixada da Espanha, mas o economista diz que não cobrará pela consultoria. "Fazer a democracia funcionar não é fácil. É algo muito apaixonante trabalhar nisso, tanto na agenda econômica como na democrática", animou-se.
Segundo a reportagem, Stiglitz perguntou detalhes do Tratado de Itaipu, de 1973. Para ele, os preços mundiais de petróleo e carvão justificam a renegociação do valor pago pelo Brasil pela cota paraguaia de energia elétrica produzida pela usina binacional.
"Os investidores devem ter um retorno razoável, mas não apropriar-se dos recursos que são do país", disse ele, que definiu tal retorno como "o suficiente para recuperar seu capital e obter uma margem justa, que guarde uma correlação com o risco ordinário e a taxa de juros do mercado".
"Se tivéssemos mercados que funcionassem bem, não teria por que ter conflito", afirmou.
Questionado se o sócio menor do Mercosul teria êxito na disputa, disse: "A Bolívia fez isso no setor de gás com o Brasil". Entusiasta da onda que levou políticos de esquerda ("a favor das maiorias", diz) ao poder na região, Stiglitz apoiou a renegociação boliviana com a Petrobras a partir de 2006.
O Brasil compra energia de Itaipu que o Paraguai não usa a US$ 45,31 por MWh (megawatt-hora): US$ 42,50 abatem a dívida contraída por Assunção para construir a usina -paga pelo Brasil. O Paraguai fica com US$ 2,81 por MWh (US$ 340 milhões em 2007).
O governo brasileiro diz que não renegocia o tratado (que prevê metade da energia para cada um e veta a venda a terceiros), mas aceita discutir fórmulas para melhorar a receita obtida pelo Paraguai com Itaipu.
O assessor internacional do Planalto, Marco Aurélio Garcia, estará no Paraguai amanhã e deverá tratar do tema com integrantes do futuro governo.
Ontem, o ex-bispo Lugo recebeu em Assunção o teólogo brasileiro Leonardo Boff e Aleida Guevara, médica filha do guerrilheiro argentino-cubano. Boff, expoente da Teologia da Libertação, defendeu a preservação da bacia do rio da Prata. Já Guevara disse querer colaborar com o futuro governo na questão agrária.


Com agências internacionais


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